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domingo, 1 de novembro de 2009

Reletindo o filme GAROTO SELVAGEM

Os textos, bem como o filme, deixam evidente a discriminação que havia com as pessoas que apresentavam alguma necessidade especial. E pode-se afirmar que há bem pouco tempo começa ocorrer certa modificação nas atitudes, na aceitação dos indivíduos a respeito, com discussões políticas, divulgações e leis que amparam esses indivíduos inclusive com criação de leis que as defendem.
E a comunidade surda é uma das que vem tendo essa consideração. Porém sem esquecermo-nos de que ainda há para algumas pessoas a falta de esclarecimentos sobre essa comunidade. Como por exemplo, o desconhecimento de muitos, de que nem todo surdo é mudo.
Porém já é garantido à comunidade surda maiores oportunidades dentro da sociedade, como na área de trabalho, acadêmica entre outras com a disponibilidade de profissionais e meios que propiciem a comunicação entre a comunidade surda e as pessoas da sociedade que não possuem essa deficiência.
Na verdade, penso que a comunidade surda deveria ser vista como outra cultura, já que existe uma linguagem própria. Como qualquer cultura que tem sua própria linguagem. A diferença está em apenas não usar a oralidade. Mas qualquer outra língua que o indivíduo pode aprender, a LIBRAS, seria apenas mais uma a ser aprendida por todos.
O filme me fez pensar que o menino não era considerado surdo-mudo. Ele se encontrou apenas por algum momento nessa escola, porque na verdade tentavam de todas as maneiras descobrirem seu problema.
Ficou óbvia a discriminação porque ele era diferente do padrão normal dos indivíduos, mesmos os surdos daquela escola. E naquela época ser diferente causava muita curiosidade, muito espanto e muita discriminação nas pessoas que não compreendiam o fato. Se pensarmos, a inclusão já acontece desde o século passado. Por poucos, muito sutilmente. Mas o que o Dr. Itard realizou foi exatamente a inclusão do Victor, através da sua tentativa, das suas experiências tentando sociabilizar, educar o menino na busca de resultados que comprovasse que a falta de compreensão, ou as atitudes que ele apresentava eram oriundas da falta de contato com a civilização e não uma surdez. a compreensão que ele tinha do mundo era diferente dos demais, porque sua compreensão era de acordo com a sua experiência enquanto viveu na selva. E pelo fato de não ter algum contato se quer com qualquer outro ser da sua espécie, ele apenas produzia o que havia aprendido com os animais que viveram a sua volta. Mas para a sociedade parecia mais fácil rotular. Tanto que o Dr. Pinel, por ter pacientes que apresentavam as mesmas características, foi logo diagnosticando o Victor como um deficiente mental. Por sorte Dr. Itard, mais sensível resolveu lutar de forma diferenciada, pois acreditava que com um ensino-aprendizagem poderia reverter a situação, ou as atitudes que o menino apresentava, despertando a inteligência que pudesse existir no garoto. Claro que o menino acaba sendo objeto de pesquisa, uma vez que os dois médicos eram renomados na época, tanto que o Dr. Itard recebia verba para sua experiência.
Se não fosse pela insistência do Dr. Itard, o victor teria apenas sido considerado um idiota, sem inteligência alguma, um rejeitado pela sociedade, pois os surdos eram assim vistos por ela. Como mostrara o Dr. Pinel, através da sua atitude de rotulá-lo como tal, por achar que o garoto era surdo. Como na Idade Média, em que os surdos eram considerados estranhos, sendo privados de participarem de acontecimentos e direitos considerados normais no meio social em que vivessem como, por exemplo, receberem comunhão, heranças etc. e assim ficaria Victor, mais um discriminado dentro da sociedade.
Graças ao Dr. Itard, através de suas tentativas esplendorosas, pode comprovar que o garoto, era selvagem sim, mas porque viveu num mundo selvagem. Mas que detinha muita inteligência e sentimentos que foram despertados com muita paciência, afetividade e ensino-aprendizagem e com suas relações fisiológicas e psicológicas das quais pode observar que a inteligência deve trabalhada, para que desperte. E que a socialização é importante para que o indivíduo possa expressar sua inteligência.
A relação entre o filme e a história dos surdos, é que as pessoas diferentes são consideradas anormais. Para serem consideradas normais tem que estar todas num mesmo padrão. Chegando a serem discriminadas por suas atitudes. No entanto essa falta de conhecimento se dá pela falta de experiência ou vivência das pessoas pelas situações com pessoas que tenham alguma necessidade especial, pois tenho nos meus relacionamentos algumas pessoas com necessidades especiais, como uma amiga surda, e que para nós ela tão normal quanto ao restante do grupo.
Gostaria de ressaltar que me chamou a atenção algumas vezes como o Dr. tratava o menino, com certa severidade. Mesmo assim, ao fugir e sentir falta ele conseguiu voltar para casa, sozinho. A afetividade e sua inteligência falaram mais alto. Bem como, a força do Dr. Itard não desistir ao primeiro fracasso que encontrara na aplicação dos seus métodos ao ensinar o garoto a se civilizar.
A evolução do garoto só acontecera pois o médico acreditava na luta. Trazendo para os nossos dias atuais, será que o fracasso seria menor dentro das salas de aula se o professora acreditasse mais e não desanimasse diante de alguns fracassos que vem experimentando?
Assim poderíamos também nos perguntarmos: Se os surdos não acreditassem na sua capacidade de aprendizagem, teriam eles chegado até aqui, com uma comunidade criada junto com a construção da LIBRAS? Pois eles tiveram que se adaptar, ao longo dos séculos da humanidade, até provarem a sociedade que são tão capazes quanto qualquer sujeito da sociedade.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Beatriz:

Não assisti ao filme, mas pelo que contas parece bem interessante.

Creio que se houvesse mais Dr. Itard por aí, não teríamos tanto preconceito e mais pessoas se sentindo valorizadas. A sensibilidade e empatia deste médico chama atenção.

Concordo com o que comentas que a falta de conhecimento sobre determinada questão/ pessoa/fato é que gera o preconceito.

Abraço, Anice.