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sábado, 9 de maio de 2009

CERTO OU ERRADO?

Fala-se muito em inclusão. O que é inclusão? A lei deixa bem claro que os alunos com necessidades especiais devem encontrar-se em escola regular pois eles devem ser tratados iguais a todos e todos na escola. Mas quando se fala de inclusão, fala-se de alunos clinicamente avaliados e com laudo. Mas o que me incomoda são os alunos que não tem laudo e necessitam de ajuda. Mas eles não são considerados especiais. Mas nesta semana chegamos ao extremo de termos que convidar dois alunos a se retirarem da escola e procurarem outra, porque quem sabe seria o melhor para eles. Foi muito difícil, claro que esse fato não ocorreu do dia pra noite desde o início do ano viemos enfrentando muitos problemas com eles. Um já é nosso aluo há seis anos, o outro entrou no meio do ano passado, vindo já transferido de outra escola, por ter dado um soco no diretor. Aliás, ele já havia sido transferido de outra escola para a qual ele saiu e veio pra nossa. Esse aluno é envolvido com drogas, com marginalidade, e como tratar um aluno assim dentro da escola. Perdemos as contas de quantas vezes ele foi para a direção, porque os professores mandavam, ou porque ele não ficava em sala de aula. Tentávamos de tudo, chamamos mãe várias vezes, porque o pai já é falecido num tiroteio de gang, ele respeitava apenas alguns professores, não respeitava os colegas, alguns professores ele manda se... Muito difícil. Ele já tinha ficha enviada para promotoria pública, enfrenta qualquer farda, não tem medo de ninguém, chegou a me ameaçar, segundo a guarda da nossa escola. Eu estava conduzindo até a sala e ele ficou irritado, começou a gritar comigo, dizendo que eu não era mãe dele, nem mulher dele para ficar seguindo, deu meia volta e saiu da escola, e eu avisei a guarda que ele estava saindo, só que ele voltou e eu não o vi atrás de mim. E ele entrou novamente e dizia que ia me arrebentar. Mesmo assim fazíamos de tudo, conversávamos numa boa, tentando sempre mostrar o lado bom dele, o que ele podia conseguir se fosse um líder positivo, porque ele é um líder, pena que seja negativo. Desde que ele entrou em nossa escola, algumas coisas, ou alunos modificaram seu comportamento, o outro aluno, por exemplo, que já era nosso, já tinha um comportamento mais agitado, um aluno que só respeitava algumas pessoas. Eu dei aula para ele na terceira e quarta série. Ele me respeitava muito, aliás, eu era a única pessoa que o convencia das coisas. Mas ele era agitadíssimo. Foi encaminhado para o médico, m\as a mãe não procurou ajuda. A escola faz o que pode, mas a família deve também persistir. Infelizmente isso não acontece, por vários fatores. E afora que essas famílias já têm casos de familiares presos, drogados, ou que vendem drogas ilícitas. Fica difícil a escola agir sozinha. Também não podemos obrigar os profissionais a aceitarem esse tipo de aluno. E isso aconteceu também. Foi a pior coisa que já me acontecera nestes oito de anos de profissão. Me senti muito impotente, como se não tivesse feito nada. Mas temos que pensar no restante da escola. Os professores só reclamavam, os alunos passavam as tardes inteiras fora da sala. Os professores não conseguiam segurá-los, alguns já preferiam que eles ficassem fora,pois não conseguiam dar aulas. Eu enquanto equipe diretiva fazia o que nos competia. Mas enquanto professora, sei o que era dar aula para eles, pois no ano anterior eu substituía e pela primeira vez eu não consegui dar aulas na turma onde se encontrava o aluno que veio da outra escola. Ele modificou totalmente a turma. Era sensivelmente percebido. Os guris ficaram a mercê dele, tinham medo, fazia tudo o que ele queria. As gurias ficaram apaixonadas, como se ele fosse o único guri da escola.
Bem mas voltando a esse ano ele continuava monopolizando todos. Espero de coração que esses dois alunos se adaptem nas escolas que irão,e o menino que foi da nossa escola por seis anos, me deixou muito arrasada, fiquei muito mal,chorei muito. Chorei por ver uma criança que nós praticamente vimos crescer estar se perdendo nas drogas, numa vida tão cruel. Foi a pior experiência que já tive na educação. Mas infelizmente, da maneira como está nossa sociedade, sei que não será o último. Então me pergunto se essas não são as maiores inclusões que temos? Mas como incluí-los? Eles não querem ser incluídos. Eles desejam ser incluídos apenas no mundo deles. Sabem o que o aluno que já bateu e furtou nas outras escolas, disse essa semana para a nossa bibliotecária quando elogiou o seu relógio? “Vem trabalhar comigo que consegue um monte desses...
Bom, espero que esse tipo de aluno seja revisto pelos governantes. Pois se temos que dar aulas para esse tipo de aluno, temos que ter outra realidade no que diz respeito a metodologia, estratégias, a avaliação terá que ser diferente. Pois como avaliar um aluno que não faz nada, mas ao mesmo tempo, não se pode ficar reprovando aluno, que dualidade! Como manter os alunos quatro horas dentro da escola, se não agüentam ficar nenhum período de 45 min na sala? E esse alunos na estão interessados em nada. Na escola tem sala de informática, uma ótima biblioteca, atividades extracurriculares, não sabemos mais o que oferecer. Será que algum dia terei a felicidade de ver a escola sendo valorizada pelos alunos, pelos pais? Pelos próprios profissionais?

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Teu relato e questionamento são muito interessantes. Muitos destes alunos são vítimas sem qualquer tipo de lei interna (exatamente por isso não respeitam ninguém).. seja porque nunca tiveram um pai ou são largados pelos familiares... eles costumam vir de uma realidade muito complicada. E por isso são pessoas difíceis de lidar sendo testados de escola em escola... essa situação é mesmo muito complicada e é necessário o respaldo de outros profissionais na resolução destes conflitos. Abraço, Anice.