UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
PÓLO DE GRAVATAÍ
BEATRIZ LEAL LOPES
A importância das relações de afetividade entre professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem.
Porto Alegre
2010
BEATRIZ LEAL LOPES
A importância das relações de afetividade entre professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado à Comissão de Graduação do curso de Pedagogia/Licenciatura, da Faculdade de Educação da Universidade do Rio Grande do Sul (FACED/UFRGS), como requisito obrigatório para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Natália de Lacerda Gil
Tutora: Prof.ª Márcia Campos
Porto Alegre
2010
BEATRIZ LEAL LOPES
A importância das relações de afetividade entre professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado à Comissão de Graduação do curso de Pedagogia/Licenciatura, da Faculdade de Educação da Universidade do Rio Grande do Sul (FACED/UFRGS), como requisito obrigatório para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Natália de Lacerda Gil
Tutora: Prof.ª Márcia Campos
Aprovado em ___/___/_____.
A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso, A importância das relações de afetividade entre professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem, elaborado por Beatriz Leal Lopes, como requisito parcial e obrigatório para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.
______________________________________________
Orientadora - Natalia Lacerda Gil
______________________________________________
Professor de banca - Eliseo Berni Reategui
Porto Alegre
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Reitor: Prof. Carlos Alexandre Netto
Vice-Reitor: Prof. Rui Vicente Oppermann
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Aldo Bolten Lucion
Diretorda Faculdade de Educação: Profª Valquiria Link Bassani
Coordenadoras do Curso de Graduação em Pedagogia – Licenciatura na modalidade a distância/PEAD: Profas. Rosane Aragón de Nevado e Marie Jane Soares Carvalho
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a memória de meus pais queridos Alvicio dos Santos Leal e Therezina Leal que em vida me ensinaram a ser quem eu sou, e me ensinaram o valor da humildade, da fé, da coragem e do amor e que apesar de não se encontrarem nesse plano, sinto sua presença me auxiliando e me protegendo com a permissão de Deus e dos meus Anjos.
Aos meus filhos Fernando e Bianca, e ao meu marido Pedro Jairo, que me apoiaram durante esses quatro anos e meio de alegrias e infortúnios com palavras e atitudes de carinho, paciência e muito amor, nos momentos e horas certas me incentivando a continuar, pois não fossem esses sentimentos puros e verdadeiros, eu não teria chegado até aqui.
.
AGRADECIMENTOS
A todos os professores, tutores, e colegas do PEAD que fizeram parte nessa caminhada acadêmica, incentivando uns aos outros nos momentos de dificuldades, colaborando com a para a vitória de cada um.
Agradeço aos colegas que fizeram parte da comissão de nossa formatura, por dedicarem seu tempo para que pudéssemos chegar ao final com muita festa e glamour.
Em especial ao professor Silvestre Novak e Geny Schwartz. Foram fundamentais nessa caminhada. E assim como uma criança não esquece sua primeira professora, não me esquecerei jamais desses dois mestres.
Agradeço aos meus filhos Fernando e Bianca e marido Jairo pela sua dedicação, compreensão e amor, mas principalmente aos meus filhos pela paciência ao me socorrerem nas situações de desespero diante a essa tecnologia, que muitas vezes me deixou na mão e muitas vezes me fez chorar. Caminharam junto comigo não apenas nos momentos bons, mas suportaram com bravura os momentos difíceis. Parte de nossa vida mudou! Muitas vezes deixei de atendê-los como verdadeiramente mereciam. Levaram-me a decisão de comemorar a formatura com todos os colegas, amigos e familiares!! Vocês são maravilhosos! As pessoas mais importantes da minha vida! Amo vocês de forma infinita! Muito obrigada!
A todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram de alguma forma durante a minha caminhada acadêmica no PEAD através de palavras de incentivo e de muito carinho.
Minha afilhada, Jéssica e minha irmã Nilda, pois muitas vezes ouvi: “To rezando pra ti dinda, “tu vais conseguir maninha”...
E acima de tudo agradeço a Deus, por ter me dado forças e saúde para poder prosseguir nessa caminhada com VITÓRIA!
RESUMO
O presente trabalho tem como tema principal evidenciar a importância da afetividade nas relações entre o professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem, investigando as relações interpessoais entre os mesmos, bem como a relação de afetividade da criança com a família.
A pesquisa foi elaborada com base nas observações realizadas durante o estágio que ocorreu na turma de terceiro ano, constituída por vinte e sete alunos, sendo 12 meninas e 15 meninos, entre eles alunos de inclusão, com laudo médico, e outros apresentando sérios problemas de aprendizagem, mas sem laudo. A escola, N.S. se localiza na periferia do município de Cachoeirinha-RS, onde sua comunidade escolar apresentava consideráveis problemas de ordem social, financeira e familiar. Por ser uma comunidade com sérios problemas e a escola nova para mim, pois por circunstâncias inesperadas fui convidada para substituir colegas na mesma durante esse ano, tive em minhas mãos uma decisão difícil para resolver, pois esse fato novo culminaria com o período de estágio. Durante todo percurso no PEAD, todas as experiências e vivências através de trabalhos realizados em todas as interdisciplinas tinham sido numa mesma escola (Getúlio Vargas), na qual sempre trabalhei e faço parte da equipe diretiva desde o ano de 2009, ou seja, estava numa zona de conforto muito grande. Mas teria que decidir entre estagiar na qual já conhecia todas as pessoas (pais, alunos e colegas) e todas as pessoas conheciam o meu trabalho, ou partir para um novo desafio, com uma realidade muito diferente da qual eu já conhecia, um caminho incerto e desconhecido, foi então que optei pela referida escola NS, por acreditar que se tal situação inesperada fora colocada no meu caminho é porque de alguma forma eu deveria transpô-la. E assim iniciei uma nova caminhada, enfrentando muitos desafios e muitas dificuldades que ao longo desse período foi sendo superado com o apoio da competente equipe de professores dessa universidade, palavras de amigos e principalmente familiares me impulsionando a continuar até o fim, quando em muitos momentos pensei desistir.
Para contribuir na pesquisa buscou-se o referencial teórico de Jean Piaget, Gabriel Chalita, Içami Tiba, Paulo Freire, Maturana e Rubem Alves, entre outras leituras nas quais ao longo desse curso enriqueceram nossa bagagem de pesquisas, para melhor atender o personagem central dessa história, o aluno. Além de muito amor e fé que carrego dentro do meu coração, capazes de transformações.
O principal objetivo da pesquisa foi analisar os fatos apresentados através de todos envolvidos (pais, alunos e professora) durante o estágio, buscando constatar a veracidade da hipótese de que as relações de afeto entre o professor e seus alunos, bem como da família, podem influenciar de forma positiva ou negativa no processo de ensino-aprendizagem da criança em idade escolar, e através das experiências vivenciadas no referido estágio pôde-se constatar a confirmação da hipótese relacionada sobre a importância do afeto nas relações interpessoais do indivíduo seja no meio familiar ou social.
Palavras-chaves: Afeto, relações interpessoais, desenvolvimento ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
The present work has as its main theme to highlight the importance of affection in the relationship between teacher and student in the teaching and learning, investigating the interpersonal relationships between them and the warm relationship between the child and family.
The survey was developed based on observations made during the stage that occurred in the third year class of twenty-seven students, 12 girls and 15 boys, including inclusion of students with medical report, and others had serious problems learning, but no award. The school, NS, is located on the outskirts of the city of Cachoeirinha-RS, where their school community had considerable social problems, financial and family circumstances. Being a community with serious problems and new school for me because of unforeseen circumstances I was asked to replace colleagues on the same during this year, I had in my hands to solve a difficult decision because this new event would culminate with the probationary period. Throughout the course HDPE, and experiences all through work in all interdisciplines had been in the same school (Vargas), which always worked and I am part of the management team since the year 2009, ie was a very large comfort zone. But it would have to decide between an internship in which he already knew all the people (parents, students and colleagues) and all people knew my work, or seek a new challenge with a very different reality of which I already knew, an uncertain path and unknown, it was then that I opted for this school NS, believing that if this unexpected situation was placed in my path is because somehow I should implement it. And so began a new journey, facing many challenges and many difficulties during this period was being overcome with the support of competent team of teachers of this university, especially words of friends and family pushing me to continue to the end, when many times thought about quitting.
To contribute to research aimed at the theoretical framework of Jean Piaget, Gabriel Chalita, Içami Tiba, Paulo Freire, Maturana and Rubem Alves, among other readings in this course along which enriched our luggage searches, to better meet the central character of this history, the student.
Besides lots of love and faith that I carry within my heart, capable of transformation.
The main objective of the research was to analyze the facts presented by all involved (parents, students and teacher) during the stage, checking for the veracity of the hypothesis that the relations of affection between the teacher and his students and family, can impact positively or negatively in the teaching and learning of school age children, and through experiences in that stage could be seen to confirm the hypothesis related to the importance of affect in interpersonal relationships is the individual's family or social.
Keywords: Affect, interpersonal relationships, teaching and development
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 11
1. FALANDO DE AFETIVIDADE.......................................................................... 13
1.1 A Importância da afetividade no processo ensino-aprendizagem........ 14
2. A PRESENÇA OU A FALTA DE AFETO INFLUENCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM................................................................................................. 20
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 34
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 36
INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso concentra a atenção nas Relações de Afetividade entre professor e alunos. O interesse por essa temática tem sido latente desde o início da minha carreira no Magistério e culminou com minha atuação durante o estágio realizado no semestre passado no curso de graduação, EAD, da UFRGS.
Penso existir a necessidade do afeto nas relações professor-aluno, pois é um sentimento de carinho, amor e respeito, contribuindo na formação da criança em estágio de transformação e que merece toda a atenção e cuidados para que se torne um indivíduo capaz dentro da sociedade. As observações realizadas durante o estágio, em que se apresentaram muitas situações desafiadoras quanto à aprendizagem, principalmente por parte de alguns alunos, levantaram a hipótese de que a afetividade pode transformar o processo de aprendizagem, através do professor que atua como um mediador desse processo. A criança apresenta fases em que ocorrem muitas transformações comportamentais, tornando-se de grande importância a afetividade seguida de limites e foi com esse sentimento que o estágio foi embasado e o foco foi entender as transformações que se apresentaram durante esse período.
Para verificar essa hipótese, a turma analisada foi um 3º ano do Ensino Fundamental séries iniciais. A turma é constituída por 27 alunos, sendo 12 meninas e 15 meninos com idades entre 8 e 13 anos, da escola NS, situada na rua Araçá, nº. 130, na Vila Anair, no município de Cachoeirinha, Rio Grande do Sul. É uma escola de periferia, em um contexto onde se observam consideráveis problemas de ordem social, financeira e familiar. A pesquisa junto aos sujeitos mencionados tinha por objetivo compreender a importância do afeto nas relações professor-aluno, seguida da prática que envolveu muitas paradas reflexivas com o grupo envolvido, sobre algumas das atitudes entre eles e suas conseqüências, além de leituras referentes ao tema em questão, visando buscar a transformação e o desenvolvimento no processo de aprendizagem dos sujeitos envolvidos. Buscou-se compreender os problemas crescentes na educação, com a hipótese de serem oriundos da instituição familiar.
Tal esforço se justifica pela importância do tema, visto que as dificuldades cognitivas apresentadas pelos alunos da referida turma pareciam estar relacionadas, entre outros motivos, ao eixo principal no que dizia respeito às relações interpessoais.
Para nortear a referida pesquisa o embasamento teórico foi através de leituras dos autores Jean Piaget, Maturana, Paulo Freire, Gabriel Chalita, Rubem Alves, por serem autores que tiveram a preocupação em elucidar esse tema contribuindo com um maior desenvolvimento na Educação, bem como as anotações reflexivas, realizado durante o estágio, que se encontram no PBWORKS do mesmo.
Por fim, cabe enfatizar que tal temática é antiga e os problemas relacionados à educação assim também o são. Muito já foi pesquisado referente ao assunto. E o que se pretende aqui é permitir a compreensão e a aceitação de que um afeto, um olhar amoroso, pode transformar uma educação vista apenas como um depósito de informações por parte das escolas às crianças em uma educação capaz de transformá-las, permitindo uma troca continuada de experiências, de sonhos, de ideais e de amor capazes de envolver e mover o indivíduo levando-o a quebrar paradigmas e barreira.
1. FALANDO DE AFETIVIDADE
Sempre questionei sobre a importância da afetividade na aprendizagem do aluno, tanto nas relações interpessoais entre aluno e professor, quanto com a família.
Entendo por afeto todo sentimento de carinho, atenção, respeito pelo próximo, ajudando-o com limites nas suas necessidades individuais ou em grupo.
Estando a criança em fase de transformação social, física ou psicológica conforme estudos realizados por Freud fazem-se importantes as relações de afeto no meio em que vive para o seu desenvolvimento também intelectual, na sua formação como indivíduo inserido na sociedade.
A afetividade deve estar presente no processo de ensino-aprendizagem, não importando qual a idade do educando, mas principalmente na infância e na adolescência. Ela facilita a aprendizagem, permitindo ao professor tornar-se apenas o mediador, construindo junto com os alunos os limites que os façam entender seus direitos e deveres, para que se tornem indivíduos capazes, questionadores, pesquisadores do mundo a sua volta, preparando-os profissional e socialmente.
Deve-se enfatizar a necessidade e a importância do afeto familiar no processo de aprendizagem da criança em idade escolar, bem como no processo de desenvolvimento da sua personalidade, a qual se manifesta através do comportamento e da expressão emocional. Entende-se por emoção as formas como o corpo pode expressar o estado de espírito, emocional da pessoa, que pode ser difícil ou agradável. Segundo Chalita (2001, p. 20), “a família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar os filhos para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais”.
Nesse TCC, meu objetivo é compreender essa importância da afetividade nas relações interpessoais do aluno com seu professor e sua família, as contribuições positivas da sua presença ou as contribuições negativas caso aconteça ausência desse sentimento no processo ensino-aprendizagem.
1.1 A importância da afetividade no processo ensino-aprendizagem
Muito se tem ouvido falar sobre o tema Educação e Afetividade no ensino-aprendizagem que acontece na escola tornando, de certa forma, os educadores também responsáveis pela formação emocional da criança. Atualmente, a afetividade relacionada ao desenvolvimento cognitivo tem sido alvo importante de estudos e debates educacionais. Mas o que significa afetividade, e que importância pode ter na construção dos conhecimentos do indivíduo em idade escolar? Com base nas leituras realizadas, compreende-se que é um conjunto de sentimentos que acometem o indivíduo, levando-o às alegrias ou tristezas com aceitações ou resistências a determinadas situações.
Um educador que não executar sua profissão com emoção, com afetividade, poderá causar aos seus alunos ou a si próprio prejuízos emocionais, desgastes psicológicos levando ao desgaste físico, atingindo assim o processo ensino-aprendizagem. Por outro lado, o professor que tiver essa relação de afeto com seu aluno conseguirá atender as necessidades do mesmo de forma mais competente e organizada, atingindo um melhor desenvolvimento cognitivo da criança.
Segundo Freud, afetividade é a ligação emocional que um paciente desenvolve com seu analista, onde ele transfere todos os seus desejos internos oriundos dos problemas inconscientes. Então esse analista aparentemente perfeito por tentar resolver os problemas desse paciente, acaba por receber a transferência desse sentimento. E, assim como acontece nesse caso, pode-se comparar os alunos que veem nos seus professores a perfeição daquilo que eles gostariam de ver ou ter naqueles que os rodeiam. Nas salas de aula, observa-se essa transferência dos alunos com seus professores por desejarem ser iguais, ou
que muitas vezes fossem suas mães ou pais, achando-os infalíveis, sem problemas. Momento em que o professor deverá ter a competência, a sensibilidade e o afeto necessários para poder administrar essa ideia que a criança faz. Porque só com essa sensibilidade, afeto, mas com limites, o professor poderá contribuir para a formação da personalidade dessa criança. Do contrário, ela poderá sentir-se rejeitada, o que pode em algum momento causar um prejuízo emocional interferindo assim negativamente na aprendizagem.
Cito como exemplo uma das alunas do meu estágio que apresentava esse sentimento de rejeição por parte da família e por parte da professora. Ao iniciar o referido estágio tivemos muitos desafios uma com a outra. Aos poucos, percebi que a aluna estava modificando seu comportamento, aceitava meus abraços, mas em nenhum dos momentos deixei de agir com muito amor, muito carinho, mas acima de tudo com muito respeito e limites. O respeito exigido era retribuído. Essa aluna ao mesmo tempo em que me admirava, tentava transferir sua raiva por ainda não me conhecer o suficiente. E a partir do momento em que ela teve o carinho e tempo necessário para me conhecer e adquirir confiança, seu comportamento foi modificando, contribuindo assim com seu desenvolvimento cognitivo. Percebe-se, assim, a importância do professor dedicar-se e descobrir métodos que mais se adequem a sua clientela. Para Gabriel Chalita (2001), falar de educação é muito mais do que discorrer apenas sobre práticas pedagógicas e construção de novas escolas. A educação não pode ser vista apenas como um depósito de informação. Além do conhecimento deve existir o afeto, só então o processo de aprendizagem se dará por completo.
Estudos e pesquisas na educação, principalmente baseados em Piaget, apontam que o desenvolvimento da aprendizagem pode acontecer constantemente com a influência do meio em que o indivíduo vive. Ou seja, se o meio for inadequado, abalará o comportamento da criança. Independentemente do nível social, famílias em tal situação transmitem à criança muita instabilidade emocional, aumentando potencialmente a violência que cada vez mais entra nas escolas.
Observa-se, nas salas de aula, alunos que vêm de famílias com pais ausentes, onde há falta de diálogo e de limites com amor, apresentarem maior agressividade, desobediência e falta de respeito com colegas e professores.
Muitas vezes, a criança sente-se excluída do cotidiano dos pais. Ficando à mercê da vida, das babás ou de muitas atividades extras ou, por outros fatores, distanciando-se do mundo familiar, construindo seu próprio mundo com base na sua vivência, seja de maneira correta ou incorreta.
Essa exclusão do mundo real e a inclusão num mundo criado por ela refletirão na sala de aula através das alegrias, facilitando sua aprendizagem, ou da ira e do medo, dificultando sua aprendizagem. Tornando-se importantíssima a tarefa não apenas do professor, mas de todo educador em tentar formar indivíduos mais felizes e equilibrados, preparando-os para atuarem como colaboradores na família, na escola e na comunidade.
Segundo Içami Tiba (2002), “quando a criança sabe que poderá contar tudo aos pais sente-se mais forte e participativa”. É o reflexo encontrado nos alunos. Se existe a ausência dos pais, os filhos não sentem motivação para desenvolver as atividades na escola, pois sabem que não têm a quem mostrar. Ou mesmo que tenha esse alguém, não se importa com o que seu filho realizou na escola. É o contrário da criança que muitas vezes nem está com tanta vontade de realizar as atividades ou tem algum limite, mas que se esforça por saber da alegria que dará aos seus pais.
Ao lado da família, a escola assume o papel da educação formal. E se a educação familiar for embasada no afeto e no respeito e a educação formal seguir a mesma linha de equilíbrio e afetividade, facilitando a adaptação de características sociais, formando cidadãos reflexivos, críticos e participativos, provavelmente estará preparando o indivíduo não apenas para o trabalho, mas contribuindo com a sua formação como pessoa, de equilíbrio e preparo para a vida em todos os seus aspectos.
O desenvolvimento é um processo contínuo, pois o homem nunca está pronto e acabado mental e organicamente. E de acordo com o meio em que vive manifestará suas emoções, iniciadas na família, continuando na escola, dentro da sala de aula. Ou seja, a criança não nasce com a afetividade ou a inteligência pronta. Vão se formando de acordo com o meio. Tornando imprescindível a atuação do professor em sala de aula, que contribuirá de forma positiva ou negativa no processo de ensino-aprendizagem. Mas estará esse professor preparado para receber cada vez mais cedo uma criança que deveria estar convivendo no âmbito familiar? A criança está indo para a escola em idade para ser educada e criada, quando essas funções deveriam ser das famílias. A esse respeito, Içami Tiba (1998, p.23) diz que ”a maioria dos professores em atividade hoje não teve no seu currículo profissional capacitação para exercer esse papel de formador”, razão pela qual a dificuldade em lidar com o aluno esteja aumentando, pois a escola está de certa forma arraigada a conceitos antigos diante de uma nova sociedade.
Com a globalização os alunos estão cada vez mais informatizados e os que ainda não estão é por falta de condições, e não por desejo, e de alguma forma acabam sempre entendendo sobre as tecnologias apresentadas nos dias de hoje. O aluno detém maior conhecimento nessa área do que o seu professor que passa pelo medo de admitir essa fraqueza e perder a sua autoridade. Porém, essa é uma oportunidade desse professor aprender com o seu aluno. Sem esse receio, poderia haver uma troca de saberes, aproximando aluno-professor, ou seja, o professor estaria automaticamente passando ao aluno o prazer de ensinar e o prazer de aprender.
O professor teria que se dar conta, sem medo, que as suas atitudes por mais simples que sejam são tão importantes no ensino-aprendizado quanto as tecnologias e modernidades que aparecem a sua frente e de seu aluno. Deveria ter claro que suas práticas e teorias são o fio condutor para essas tecnologias. Essa aceitação contribuiria com a segurança na relação entre professor e aluno. Crê-se que se o professor repensar na sua forma relacionada ao ensino (que o faz de certa maneira ser muito metódico ao pensar sistematicamente em tomar o conteúdo, preparar-se para apresentá-lo ou dirigi-lo, ir para a sala de aula, tentar tomar conta da turma com o único propósito de avaliar no final de cada aula) poderá se tornar mais próximo de seu aluno, derrubando possíveis barreiras existentes entre eles.
Tentando trabalhar esse ritual de forma diferente, sem medo de perder o rumo, o ensino-aprendizagem pode se dar de forma mais positiva. É uma caminhada que o professor deverá construir junto ao seu aluno mostrando que pode existir liberdade com regras e limites. Porém deve-se ressaltar que para alcançar esse objetivo o educador deve ter uma preparação adequada para o exercício da profissão. Se ele tiver essa preparação, com certeza não será rodeado pelos fantasmas do medo. Paulo Freire (1992, p.11) torna clara essa posição:
É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver encaminhar) expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, compreendido pelo educando, que ele tece seu ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão.
Algumas escolas de ponta, como as particulares, por exemplo, com maiores condições financeiras, investem cada vez mais na capacitação de seus professores e na melhora de suas condições físicas e psicológicas para o aprendizado de seu aluno e vêm promovendo a integração, tão importante na aprendizagem da criança, dos pais a suas atividades. Essa busca tenta encurtar a distância entre professor, aluno e família, pois a distância isola e o isolamento cria dificuldades tornando qualquer forma de ensino, por melhor que pareça, fracassada. Numa sociedade como a nossa que caminha rapidamente numa transformação desenfreada, ainda falta o incentivo de alguns pais para que seus filhos frequentem a escola, por outro lado, falta o incentivo por parte de alguns professores para que esses seus alunos permaneçam na escola.
Faz-se necessário, portanto que a escola ofereça um espaço integrado, com um sistema pedagógico de entusiasmo e prazeroso, de forma afetiva e respeitosa para atender a criança que vem de casa desprovida dessas necessidades básicas para o seu desenvolvimento psicológico, emocional e social.
Entendo que, a questão da aprendizagem supera a questão do ensino, por ser um processo complexo e qualquer radicalização, falta de afetividade por parte do professor, pode formar uma barreira intransponível de aprendizagem no aluno que muitas vezes pode trazer consigo bloqueios oriundos da família, medos, ansiedade e outros traumas que podem atrapalhar no processo de ensino-aprendizagem. Alguns alunos aparentam estar aptos e aprendem com facilidade já outros podem apresentar através de sua timidez muitas dificuldades, mas não podem ser deixados de lado. Portanto, tal processo deve permear professor e aluno com a necessidade de maior conhecimento do mesmo por parte do professor. Ao escolher a profissão de professor, deve ficar claro a sua importância na vida do aluno, pois a partir do momento em que assume esse compromisso ele está lidando com a sensibilidade humana.
A interrelação entre as partes envolvidas, no processo de ensino-aprendizagem, não condiz com a educação que vem se reduzindo a meros conteúdos decididos e incutidos por pessoas distantes e autoritárias.
Conforme diz Chalita (2001), não existe um método educacional que faça o indivíduo voltar a sua natureza, pois quando o homem nasce é bom. Ao evoluir pode se tornar agressivo, mentiroso, perigoso, mas não porque não tenha recebido uma boa educação, mas porque faltou o afeto nessa educação.
A forma como se ministra o conteúdo é importante, mas o resultado que um professor poderá obter através de metodologias que envolvam o prazer de aprender, instigando a curiosidade do aluno, provavelmente será mais positivo.
2. A PRESENÇA OU A FALTA DO AFETO INFLUENCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Muitos foram os autores que nortearam nossas pesquisas e desenvolvimento de atividades durante o percurso no PEAD. Com base nessas teorias e de acordo com a realidade com a qual me deparei, realizei observações durante o meu estágio numa turma de terceiro ano, em uma escola de periferia.
Após esse período de observação, encontrei alguns desafios os quais me fizeram perceber que apesar de tantas tecnologias, de tantas tentativas de um mundo melhor, mais sociável, por parte dos alunos da turma parecia se encontrar distante dessa realidade. Diante disso, alguns questionamentos e dúvidas me levaram a pesquisar sobre a relação de afetividade dentro da escola. Concordo com alguns autores quando dizem que um professor não consegue apenas transmitir o conhecimento que parece para ele o correto e da forma como ele aprendeu, esquecendo da condição familiar em que o aluno se encontre por problemas sociais, e não por opção, e desconsiderando que o seu aluno muitas vezes, pode estar sofrendo. A princípio, pensava que a falta de alguns princípios básicos de educação familiar levava alguns alunos a parecerem estar fora dos padrões criados pela escola e que o ensino deveria ser revisto, já que a escola ainda apresenta suas salas de aula tradicionais, com classes enfileiradas, alunos de costas um para o outro, sem poderem interagir. Acredito sim que devam ser revistos alguns pontos importantes dentro da educação, mas para atender o aluno nas suas reais necessidades.
Através das atitudes por parte de alguns alunos na turma e alguns eventos, comecei a perceber a necessidade de afeto e carinho, entre outros princípios básicos como limites e resgate da auto-estima para que ocorresse um processo de ensino-aprendizagem esperado dentro dos parâmetros curriculares. Sentia neles um pedido de socorro por ajuda que os fizesse refletir, questionar sobre o desconhecido, não para obter respostas prontas, mas para encontrarem a direção de m novo caminho, pois como diz Rubem Alves (2004 p.58) “[...] o pensamento é como a águia que só alça vôo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe”.
A arquitetura pedagógica desenvolvida para o projeto de estágio objetivou a busca, através dos princípios citados e das atividades capazes de promover integração, levando os alunos ao conhecimento, ao resgate da auto-estima, ao respeito por si e pelo outro indivíduo do seu convívio independentemente da sua condição social, capacitando-os para suas escolhas presentes ou futuras.A arquitetura foi pensada com vistas à realização de atividades que resgatassem os princípios de convivência e/ou construíssem outras democraticamente com a turma, com base em reras que eles próprios julgassem necessárias para o seu desenvolvimento cognitivo que, de certa forma, vinha sendo prejudicado por algumas atitudes comportamentais.
Junto aos alunos e colegas procurei trocar saberes que nos fizeram crescer como sujeitos, baseados no respeito aos limites de cada um e na confiança, assumindo, como professora da turma, a função de mediadora de conhecimentos no processo ensino-aprendizagem, mas, acima de tudo, confiando-lhes toda a afetividade, permitindo-lhes uma troca na relação de amor e respeito entre professor e aluno.
Durante o estágio procurei mediar, oportunizar e desenvolver a formação do educando de acordo com necessidades, interesses e características da turma e de cada um individualmente, respeitando suas particularidades, estimulando a reflexão, os questionamentos, buscando enriquecer seus conhecimentos e resgatar a auto-estima, potencializando competências e habilidades na construção de conhecimentos significativos e de acordo com a realidade.
As atividades de leitura, técnicas e informática, entre outras, só foram possíveis pois eram permeadas de muito afeto da minha parte para com todos da turma, promovendo um convívio harmonioso de respeito com os limites de cada um. Houve muitos momentos de desacomodação que criaram novas situações levando-me constantemente a questionamentos e reflexões.
Foi um início muito difícil para todos os envolvidos: pais, alunos e para mim, pois estávamos à frente de mudanças que, certamente, sabíamos que ocorreriam. Os pais e alunos acostumados a sua professora e seus métodos, e da minha parte com alguma insegurança, pois até então só havia tido turmas da quarta serie em diante, não estava habituada a alunos muito pequenos. Meu perfil está mais de acordo com alunos maiores.
Seria um desafio a ser vencido. A partir daquele momento, educando e educadores vivenciariam seus medos, angústias e limites na tentativa de vencê-los. Embora tenhamos dificuldades, de modo geral, dentro das escolas, eu não estava acostumada com alunos que simplesmente levantam do seu lugar e saem batendo no colega, seja por que motivo for. Uma palavra, uma risada, deboches.
Muitas vezes parei as atividades para separar agressões físicas e verbais entre os alunos. Havia muita discriminação em função da diferença de padrão de vida entre eles. Começando pelas roupas, profissões dos pais e até mesmo de alguns alunos que trabalhavam para ajudar sua família. Tinha um aluno, o G., que lidava com carroça e cavalos, limpava a cocheira e vinha para a aula muito sujo e com certo mau cheiro e os colegas debochavam dele, o chamavam de “fedorento”. Tinha também outro aluno que por problemas de saúde e de higiene na família cheirava muito a xixi. Os colegas comentavam.
Numa ocasião uma das alunas veio para a escola chorando porque sua mãe a obrigou, mas estava com a blusa rasgada e não queria que os colegas a vissem, principalmente algumas colegas com as quais já tinha alguns desentendimentos e que, por terem melhor padrão de vida, costumavam se achar melhores e demonstravam isso claramente com deboches, risinhos e fofocas entre elas.
Era sensivelmente percebida a baixa-estima de alguns alunos quando, ao iniciarem alguma atividade, diziam não saber fazer. Eles não acreditavam na sua capacidade. Ao se depararem com alguma atividade nova, não queriam realizar porque os colegas iriam rir. Não sabiam dividir. Havia problemas de materiais que desapareciam dentro da sala. Em muitas das discussões, as famílias eram envolvidas nas agressões verbais o que só aumentava as discussões. Traziam para as brigas problemas que comumente aconteciam no seu dia-a-dia, já que a maioria morava próximo um do outro. Falavam mal das mães, pais ou outros familiares.
Ao colocar para os alunos que o responsável seria chamado para uma reunião comigo, para fazermos algumas combinações, pude perceber que talvez não tivesse tanto sucesso, pelo relato que as crianças faziam quanto aos pais trabalharem ou não participarem porque não davam importância, ou que se viessem seria para brigar com o aluno que incomodou seu filho. Porém insisti e aos poucos fui chamando alguns pais, tendo retorno de alguns.
Ao conversar com os pais, coloquei-os a par das condições atuais em que seus filhos se encontravam no processo de aprendizagem, as minhas expectativas e objetivos a serem alcançados. Falei da importância do afeto deles para com seus filhos, da carência que alguns tinham me relatado. E combinamos que eu colocaria recados nos cadernos dos alunos e que os pais deveriam olhar e dar retornos, para que os alunos se sentissem importantes e se interessassem mais pela escola.
Outra estratégia pensada foi a de organizar visitas aos ambientes oferecidos pela escola, como biblioteca, sala de informática, sala de vídeo (embora já soubesse da agitação da turma nos referidos lugares) fora dos horários previstos para que observassem outras turmas ou outras situações, para que eles começassem a ver os ambientes com um novo olhar, de respeito e dando a verdadeira importância para cada ambiente.
As primeiras vezes foram tumultuadas porque além de estarem “testando” uma nova professora que veio com novas propostas, estavam sendo desafiados a realizar atividades com as quais não estavam acostumados. Perguntavam muito se eu não ia encher o quadro ou se eu não ia dar folhinha! Pois, pelo que pude verificar, eram habituados a iniciar a aula sempre metodicamente: atividades no quadro, folhinha, horário para lanche, banheiro, Educação Física, hora do conto e, toda sexta-feira, a professora já tinha um agendamento para vídeo, mas sem interligar a história do filme com os conteúdos do currículo.
Após observações, pude perceber que o menino de inclusão, citado acima, parecia ser o centro das atenções de maneira negativa, pois sempre era culpado por tudo que acontecia dentro da sala. Ele apresentava muitas dificuldades de aprendizagens, mas percebi também que já estava rotulado pelas suas atitudes. Era violento, principalmente quando o atacavam, vinha muito sujo, com mau cheiro, não sabia escrever; além disso, a família apresentava muitos problemas sociais, financeiros e de saúde.
Ele necessitava tomar remédio, mas a família dizia que ele não queria tomar e simplesmente não dava. Porém, aquela situação não poderia continuar, Vinha para a escola, muitas vezes, sem almoçar porque já estava atrasado, por ter ficado limpando a cocheira do cavalo e a carroça para o seu pai trabalhar. Por outro lado, os demais alunos, por seu baixo desenvolvimento moral, não conseguiam alcançar esse entendimento e agiam com deboches e ele, que já era violento, se defendia com agressões físicas, além das verbais que eram bem pesadas. Foi quando decidi recomeçar, revendo minhas expectativas e desejos iniciais e tentar superar as angústias, medos e a minha ansiedade que, no momento, eram evidentes. Era urgente a necessidade de construção de novos conceitos de convivência e aprendizagem, uma vez que os alunos pareciam estar sendo afetados no desenvolvimento cognitivo.
A harmonia e a afetividade resgatariam a auto-estima contribuindo para o crescimento de cada um. Como participavam pouco, ou nem haviam participado do Laboratório de Informática, a primeira estratégia foi a de sistematizar as idas a esse ambiente com o objetivo de exercitar a troca dos saberes e levá-los a aprenderem a compartilhar. Porém, o número de computadores era reduzido, poucos jogos educativos e muitas dificuldades na Internet.
Os alunos teriam que sentar em grupos e trabalharem de quatro a cinco, às vezes, no mesmo computador. Com isso, surgiu a primeira dificuldade de aprendizagem. Por não respeitarem os limites dos colegas, por não saberem compartilhar, pela resistência de aprender algo novo.
Entre idas e vindas, elogios, diálogos e reflexões reforçando algumas necessidades de mudanças nas atitudes, hábitos de higiene, respeito aos limites de cada um, cada vez mais se faziam necessárias mudanças nas relações humanas, para que houvesse um processo de aprendizagem satisfatório na turma. Uma das práticas realizadas foi o reforço do elogio, das atitudes corretas.
Acredito que tal reforço das palavras ou atitudes aumentou a frequência das suas reações positivas diante dos elogios. Também a atenção carinhosa que recebiam de mim e dos próprios colegas que estavam habituados a ver apenas situações de desentendimento contribuíram para essa mudança positiva. Eles começaram a perceber o benefício que as atitudes de respeito, as mudanças no comportamento até então inadequados àquele ambiente, lhes proporcionavam.
Além da prática dos elogios e motivações trabalhadas em diversas brincadeiras dentro ou fora da sala, e em atividades no Laboratório de Informática, que já havia se tornado constantes e fazia parte do currículo deles, posso pontuar como uma das estratégias mais importantes dentro do estágio as histórias apresentadas nas horas do conto.Todas as histórias ou filmes que lhes apresentei, embora infantis, continham uma moral que, pela reflexão, deveriam descobrir e trazer para a nossa realidade de sala ou para suas vidas. Eram relatadas histórias lindas, emocionantes, tristes ou alegres que, algumas vezes, levaram os colegas e eu mesma às lágrimas. As histórias e as reflexões foram os destaques no estágio, pois a partir delas aconteceram as práticas. E o Laboratório de Informática foi o espaço que mais se percebeu a mudança, local no qual eles desejavam muito ir e trabalhar em grupos, o que antes não acontecia. Nestas oportunidades desenhavam e escreviam suas histórias no computador.
Houve significativa melhora no desenvolvimento cognitivo. Os alunos que antes não participavam, devido a suas dificuldades, ou por vergonha de participar de trabalhos em grupos ou apresentarem qualquer produção própria aos colegas, por medo de errar começara a se integrar em aula. Não porque não errassem mais, mas porque sabiam que podiam errar, pois entenderam que estavam ali para aprender e falavam em alto e bom tom para qualquer um que pensasse em rir de algo ou de algum deles.
Um aluno que não sabia ler nem escrever, sempre que pedia a ele para escrever, pelo menos o seu nome, repetia que tudo era muito difícil. Um dia, escrevi seu nome no caderno e falei para ele olhar bem e escrever na avaliação que todos faziam, inclusive ele. De repente, ele veio e me mostrou a folha, da qual até duvidei um pouquinho ter sido ele. Mas realmente ele provou que tinha conseguido. Fiquei tão emocionada, feliz, o beijei e o elogiei muito, pois, até então, ninguém havia conseguido que ele produzisse. O G. naquele momento demonstrou que num meio favorável ele desenvolveu um aprendizado de acordo com a sua capacidade e pude observar que a partir de então despertou nele maior interesse e capricho nas atividades.
Em uma das atividades realizadas o aluno deveria escolher qualquer história, em dupla ou trio, deveria ler e discutir entre eles a forma como a apresentariam para o grande grupo. Todos participaram. Porém, o menino, ao qual já me referi, queria apresentar sozinho. Eu sabia a razão. Ele não sabia ler. Deixei que se apresentasse sozinho, perguntando ao grupo o que eles achavam. Todos entenderam. Posicionou-se a frente do grupo, pegou o livro, só que de cabeça para baixo. E começou a contar a história dele. O colega que estava bem perto o avisou que o livro estava invertido e ele riu, ficou meio envergonhado, queria parar dizendo que não sabia. Eu pedi que continuasse, que tinha achado o começo da história interessante e queria ouvir o final. Todos começaram a gritar seu nome para que continuasse. E assim o fez. Impressionante como ele contava a história! Parecia que estava lendo! Fazia as pausas como se estivesse pontuando, sem perder uma linha. Eu me emocionei, vi que alguns alunos estavam emocionados e com lágrimas. Bateram palmas, ficaram em silêncio e foram realizando o restante das atividades com muita tranquilidade. Muitos perceberam que na verdade aquela história contada por ele era sua própria vida real.
Entre muitas histórias trabalhadas ressalto algumas como Cada Mãe é Diferente, o poema Identidade (Pedro Bandeira), A Descoberta de Leila, o documentário Ilha das Flores, todas sempre ressaltando a afetividade, o respeito e os limites.
Aos poucos, fui percebendo que as brigas diminuíam. Os palavrões e xingamentos já vinham sucedidos de desculpas aos colegas, à professora. O rendimento cognitivo começou a melhorar visivelmente em alguns alunos. Os que não realizavam as atividades, ou realizavam de qualquer jeito para terminar logo, começaram a demonstrar mais empenho. Eles adoravam me ver feliz e adoravam receber elogios. E essa troca de afetividade, através de palavras ou frases positivas os levava a maiores questionamentos e a encontrarem as respostas para os mesmos. E foi dessa forma que eles perceberam o quanto eram capazes. E eu fazia questão de ressaltar quando refaziam melhor do que a primeira vez.
Em cada passo nesse meu estágio, procurei mostrar uma postura de educadora quanto a minha prática educativa, dedicando-me sempre com afeto e respeito ao meu aluno. Procurando libertar seu pensamento das tradições a que vinham acostumados, estimulando a capacidade crítica que Paulo Freire (1997) denominou “curiosidades epistemológicas”, ou seja, interesse por todos os campos da ciência e um desafio aos alunos a encontrarem as respostas para as suas incertezas de forma decorrente de sua pesquisa e pensamento sobre o assunto em questão e não apenas uma memorização ocorrida através da decoreba. Paulo Freire menciona ainda que o ensino muito mais que uma profissão, é uma missão que exige saberes no seu processo dinâmico de promoção da autonomia do ser de todos os educandos. E, como ele, também eu acredito que podemos despertar sonhos e utopias em nós e nos nossos educandos através da afetividade com limites.
Porém, não posso deixar de enfatizar quão importante é a relação que o aluno tem com sua família e as consequências que a falta da mesma pode ocasionar na criança. Perceber a realidade, perceber o outro, como ele se relaciona, são essenciais na construção do conhecimento e do aprendizado, segundo Maturana (2005). E esses acontecimentos dentro da sala entre os alunos da 3B, demonstraram essa construção de conhecimentos e práticas, fazendo com que todos da escola percebessem essa mudança positiva.
Para ocorrer a construção de um novo aprendizado, deve ocorrer um desequilíbrio, uma desacomodação das estruturas mentais, desorganizando velhos conceitos e a partir daí formando novos conceitos.
E esses alunos experimentavam agora um novo ambiente de harmonização, valorização por si e pelo próximo e o benefício nessas mudanças comportamentais que só aumentaram as suas aprendizagens seja no cognitivo ou no sentimental, por serem indivíduos incompletos, pois o homem é incompleto e aberto a novos saberes e novas mudanças (Freire, 1997).
Para Piaget (1972) o próprio processo de aprender é que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais e para Vygotsky (1999) o seu desenvolvimento se dá de acordo com o meio em que a criança vive e interage. E certamente esse novo ambiente refletiu e despertou dentro de cada um dos alunos as suas necessidades, qualidades, e capacidade que estavam escondidas debaixo do medo talvez da ridicularização que poderiam sofrer ao exporem suas ideias, da desvalorização, da falta de confiança em si próprio, certamente oriundos do meio familiar.
Outra evidência percebida refere-se a harmonia e auto-confiança que pairava sobre a turma durante a apresentação dos poucos alunos que compareceram na festa da família, para um grande público, pois segundo as professoras dos anos anteriores, os alunos presentes jamais teriam se apresentado anteriormente em público.
Busquei resgatar o sentido mais primário que essa linguagem propicia de agrupar as pessoas, aproximar e compartilhar através da aproximação da família com a escola, através de convocações dos pais para conversar a respeito dos filhos, palestras, atividades que os alunos levavam para casa e teriam que solicitar ajuda familiar. Com o objetivo sendo alcançado.
Em minha opinião, as teorias de Piaget e Vygotsky se complementam, e se há essa interação com o meio capaz de desencadear o desenvolvimento sócio-cognitivo, acredito de certa forma ter desenvolvido com a turma durante o período de estágio.
Já era possível observar a tranquilidade da turma a cada dia os alunos já estavam mais acostumados comigo. Foi incrível como se sentiram felizes com a visita da minha filha. Era muito importante que ela dissesse como tinha gostado deles. Percebi que já aconteciam algumas mudanças com determinados alunos através dos elogios. O aluno que brigava muito, era resistente, já se controlava com maior facilidade.
Quanto ao aluno de inclusão, também começou a apresentar alguma mudança no comportamento, embora o caso dele fosse diferente e mais grave. Ele era um aluno que não copiava nada. Dizia que era difícil. Não foi possível me apropriar muito do caso e entender o que acontecia, se ele se cansava mesmo ou se tinha um pouco de preguiça ou se realmente não sabia escrever e custava a tentar. Quando solicitei que ele copiasse o seu nome em certa ocasião, ele conseguiu. E, algumas vezes, ele conseguia copiar algumas das atividades. De forma um pouco desorganizada. Ele já fazia pinturas nos desenhos mais claras, com mais coloridos, e melhor pintados, embora não pintasse exatamente os detalhes, já usava mais de uma cor, no lugar de riscos pretos em cima dos desenhos.
Mas naquela semana, ele copiou, pelo menos para ele foi um esforço além do normal. Fez da maneira dele todas as atividades. Ganhou parabéns no caderno, o que para ele foi uma das coisas mais importantes e queria mostrar para a professora titular, para a orientadora, para quem viesse na sala. Podia verificar que já começavam a surtir efeito as histórias vinculadas à realidade deles dentro da sala de aula, ou dentro da escola num todo, através das reflexões voltadas para alguma história real das suas vidas, ou do entorno escolar e familiar.
O tema sobre o dia das mães, que pensei ser fácil e maravilhoso de se trabalhar, pois as crianças ficariam empolgadas em realizar alguma atividade para sua mãe, foi mais um desafio. Lancei uma pergunta sobre o que sabiam ou entendiam sobre esse dia e o que gostariam de saber ou fazer para suas mães. As respostas foram das mais variadas. Mas, de um modo geral, bem poucos alunos se empolgaram com o tema ou com as atividades a serem realizadas. Dei uma atividade na qual eles deveriam colocar informações sobre as mães e a maioria não sabia. Comecei uma sensibilização com os alunos da importância de se valorizar a mãe, não apenas no dia das mães, mas em todos os dias de sua vida. Trabalhamos com poesias, criação de presentes, ensaiando uma música para uma apresentação que aconteceria na festa da família. Foi quando aconteceu a maior evidência de que a família é uma das responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo e social da criança na escola. Tanto que uma das alunas me emocionou muito quando a vi no cantinho, sozinha. Ao lhe perguntar o que tinha acontecido me falou que a mãe não vinha. A mãe não deu importância para aquele momento tão importante para ela, e não se trata de um pré-julgamento, mas foram palavras da própria aluna que voltou para sua casa triste.
Concordo com Vygotsky (1999) quando diz que o meio influencia no desenvolvimento cognitivo da criança, pois ficam muito claras as mudanças comportamentais que os alunos apresentam na volta de um final de semana ou na volta de um feriado. Voltam com as influências externas do meio que vivenciaram.
Tantos desafios durante esse estágio que, ora parecia estar tudo acomodado, ora parecia estar tudo desacomodado novamente, reformulando ideias, conceitos que me levaram a refletir sobre a responsabilidade das instituições e dos professores que “não podem se afastar da sua formação ética” (Freire, 1997, p 67). Os professores deixam marcas em seus alunos. Assim como suas famílias também o fazem. E que marcas nós professores queremos ou devemos deixar? Devemos deixar as marcas da afetividade, da confiança, do amor, da troca de saberes, de descobertas e do ensino-aprendizagem. É imprescindível ao aprendizado que o professor transmita ao seu aluno afetividade, alegria, esperança e segurança, pois serão capazes de mudar a realidade. Educação cabe à família. Educar é incutir valores nas pessoas. E valores são atributos de pessoas, das famílias, uma vez que cada família tem seus valores ou os veem de forma diferenciada umas das outras, não das instituições, portanto se as pessoas acreditam e constroem valores, certamente os filhos viverão e assumirão o comportamento dos pais. E quando esse pai não os tem, entra a instituição escolar e que acaba por assumir o papel da família, tendo que no mínimo apresentar esses valores para que o aluno seja capaz de fazer suas escolhas. E assim foi realizada essa prática durante o período de estágio ao colocar para eles o quanto todas as pessoas devem valorizar-se, não importando de onde vem, mas o que realizam e onde desejam chegar. Pois cada indivíduo deve acreditar nos seus sonhos com respeito a si e ao próximo.
A Equipe Diretiva e demais funcionários da escola comentavam entre si e comigo da surpreendente diferença que a turma vinha apresentando. Com mudanças positivas no relacionamento entre eles, bem como com os demais da escola. Esses comentários me impulsionaram ainda mais a continuar em busca de alternativas para fazer a turma se desenvolver cada vez mais positivamente.
O planejamento é um dos mais importantes instrumentos facilitadores dentro de um projeto pedagógico e o professor pode direcionar qualquer atividade relacionada com o mesmo. Contudo, às vezes, se faz necessária a improvisação desde que não seja uma prática regular, para poder-se discutir com os alunos a respeito da afetividade e sua importância dentro dos relacionamentos, dentro da família ou fora dela, na escola ou em qualquer outra instituição. E com base nessa teoria percebeu-se a importância dessa prática.
No tema sobre religiosidade, em que falávamos do respeito, percebi mais ainda como eles assimilaram a maior parte do processo ensino-aprendizagem que ocorreu durante o tempo que trabalhamos sobre a importância do respeito às diferenças, a valorização, a auto-estima, a autoconfiança.
Uma das alunas relatou a briga entre duas vizinhas e as agressões e ofensas verbais entre as mesmas, envolvendo inclusive os familiares e que nesse momento lembrou das nossas reflexões em sala de aula, quando falávamos sobre respeitar o próximo. E a menina que tinha esse comportamento de se envolver em situações de brigas, mesmo que não fosse consigo, ficou quieta, parando de falar mal e estimular a briga entre as duas.
Na sala de aula, já era percebido um comportamento diferenciado com relação às brigas ente os alunos, que, aliás, foi um dos desafios mais difíceis de ser contornado. As diferenças entre eles eram muito grandes e desrespeitadas. Porem, nos últimos dias estas já eram quase inexistentes.
Além das mudanças de modo geral na turma, quero enfatizar um fato sobre uma das alunas que apresentavam muitas dificuldades no relacionamento com os colegas. A turma já começara a entender a diferença nas conversas durante a realização das atividades. E possuíam autonomia na expressão de suas ideias, desde que fossem em momentos adequados e com respeito ao colega e sua professora, dentro da sala de aula. Mas, ainda havia uma menina que tinha sérios problemas de relacionamento, e era ainda muito resistente às mudanças, desconfiada e insegura. E ao corrigir as avaliações, em uma delas tinha o seguinte recadinho: “Quero continuar assim como estou agora. Eu te amo muito, muito, muito do fundo do meu coração...” Esse recado fora especial entre tantos outros que recebia nos trabalhos ou através de bilhetes, pois no dia dessa avaliação, essa aluna não parava de conversar e levantar. E as avaliações eram realizadas em duplas, com o material realizado durante as aulas, pois o objetivo maior era o de integrar os alunos, com capacidade de aprender em grupo e de trocarem seus saberes. Porém havia algumas regras, como a participação efetiva da dupla, utilizando seu material para colaborar e deixando a conversa sobre outros assuntos para outro momento. Mas, por algum motivo, naquele dia ela se encontrava muito agitada, conversadeira, gritava, levantava a todo instante até que a colega reclamou não estar conseguindo fazer as atividades por esse motivo e não queria mais sentar ao lado dela e começou chorar. Para tentar resolver aquela situação achei por bem tirá-la e coloca-la em outro lugar, conseguindo apenas após várias solicitações. Disse-lhe que seria melhor para a concentração das duas. Então, eu a tirei da dupla e a coloquei sozinha. Reforcei que a troca era para o bem delas que não conseguiam realizar as atividades pela conversa excessiva. Depois em algum momento, falávamos de respeitarmos uns aos outros, e que também eu, assim como eles, gostava de ganhar alguma coisa, que eles estão sempre querendo algo, e que eu também queria. E que se eu não me preocupasse e gostasse deles, nem daria importância para a realização dos seus trabalhos, que poderiam fazer de qualquer jeito. De repente, essa menina com quem eu tive dificuldades e resistência anteriormente, tirou da mochila uma bonequinha de pano e a colocou em cima da classe. Ao ver a cena, chamei-lhe novamente a atenção e que aquele não era o momento de brincar, quando para minha surpresa ela levantou e veio até mim com a boneca na mão dizendo que tinha feito na “Escola Aberta”, para me dar, mas que tinha vergonha. Fiquei emocionada, sem palavras, meus olhos encheram de lágrimas e todos os alunos perceberam, silenciaram nos olhando. Abraçamos-nos fortemente. Ela começou a chorar. Seu abraço foi muito apertado, de alguém que a gente sente que realmente gosta da gente, e que sente a necessidade de ser abraçada, de ser amada. E ela era uma das meninas cujo vocabulário apresentava-se inadequado ao ambiente escolar ou a qualquer outro e principalmente a sua idade. E foi a partir desse momento que pude perceber a transformação positiva nessa aluna, contribuindo com sua aprendizagem e auto-estima renovada.
Partindo dos princípios de interação, afetividade, desacomodação, novos desafios, e com algumas certezas nem tão certas, durante esse período de estágio e todo o curso no PEAD foram várias as mudanças de comportamento e aprendizagens não só para os meus alunos, que aprenderam a respeitar as diferenças dos colegas, como para mim, que descobri a tempo a necessidade de rever algumas atitudes. Percebi que estão muito mais em nós, adultos, as maiores dificuldades em vencer certas barreiras e que talvez as passemos à criança de forma inconsciente ou consciente.
Outra situação evidente sobre as mudanças positivas que a afetividade pode ocasionar foi na reunião para entrega de pareceres dos alunos, quando eu havia recebido a informação de que provavelmente viessem apenas quatro ou cinco responsáveis, e vieram os de vinte e seis alunos (faltou apenas um). Ou seja, venceram a barreira da acomodação e vieram para a escola verificar o que poderia ter transformado de alguma forma as atitudes dos seus filhos.
A ansiedade, o medo do novo ou o desequilíbrio de velhos conceitos provocaram um desconforto, mas que impulsionaram a todas as pessoas envolvidas nesse estágio, tanto alunos, pais, quanto a mim mesma, para que tivesse ocorrido o verdadeiro aprendizado. Para isso foram necessárias as paradas reflexivas para ouvir, perceber, modificar a mim e aos demais envolvidos nessa trajetória, chorarmos, entender e aceitar orientações que me nortearam a descobrir novos caminhos que me levassem e a minha turma para uma transformação significativa de aprendizagem.
Educar é despir-se de preconceitos, respeitarem as diferenças e ser bom ouvinte e lidar com os alunos com muita afetividade, pois gente é feita de emoção. (Freire, 1997).
O aprendizado mais significativo foi conhecer uma nova realidade, da qual muitos de nós educadores desconhecemos ou fingimos que não existe, de muita pobreza, problemas sociais e psicológicos, sem condições, muitas vezes, de reverterem à situação, seja por acomodação ou não. O desafio foi aprender a lidar com ela, mas sem perder a essência que temos dentro de nós, que é a de educar com limites e amor, seja qual for o aluno que estiver sob nossa responsabilidade.
O trajeto percorrido, até então, dentro da UFRGS, mais especificamente no período de estágio, contribuiu para o meu crescimento pessoal e intelectual, ampliando meus conhecimentos acadêmicos, fazendo entender à necessidade de fundamentos teóricos através de muitas leituras que embasam a Educação e nos levam a maior reflexão, fazendo de cada um de nós Educadores, seres capazes de ir sempre em busca de novos aprendizados através da prática e novos desafios.
Acredito ter alcançado, senão todos os objetivos a que me propus no referido estágio, mas parte deles, levando na minha bagagem acadêmica a certeza de que fui em busca do verdadeiro ensino-aprendizagem, mas que plantou em mim incertezas que me farão continuar nessa busca de certezas nem tão certas.
Acreditando na teoria de que a solução está no afeto, segundo Gabriel Chalita, pude comprová-la através das experiências relevantes na turma.
Tantas adversidades durante o período de estágio ocorreram que me levaram à reflexão constante da importância do resgate da auto-estima e do respeito às diferenças, da importância da relação da criança com seu professor, com seus colegas, ajudando-a a compreender e/ou aceitar divergências entre seu relacionamento familiar, com a certeza, pelo menos que nós enquanto professores, estamos contribuindo no ensino-aprendizagem, formando indivíduos mais capazes de lidarem com um futuro próximo, mas incerto.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através de observações, paralelas às leituras dos autores citados nos capítulos anteriores, para esse trabalho de conclusão visando buscar entendimento a respeito dos relacionamentos interpessoais entre o professor-aluno e com base na família, através das experiências vivenciadas dentro da sala de aula e na escola como um todo, com uma turma de terceiro ano, foram possíveis constatar a influência e a importância que esses relacionamentos de afetividade significam no processo de ensino-aprendizagem.
A pesquisa possibilitou entender a importância do afeto no desenvolvimento da criança, principalmente em idade escolar. Afeto esse que deverá começar no seio familiar, extensivo ao ambiente escolar.
Cabe ao professor conhecer as necessidades individuais de seus alunos, possibilitando o desenvolvimento dentro do processo de ensino-aprendizagem, não deixando de lado a necessidade de respeito aos limites de cada um.
E foram tais critérios que me possibilitaram desenvolver dentro da turma um trabalho vitorioso com base no respeito à individualidade, no afeto com limites.
Ficou claro para mim, que já acreditava nessa teoria, que parte da solução para os problemas de aprendizagem de uma criança está no afeto. Bem como sua falta nas relações interpessoais pode trazer sérios prejuízos para seu desenvolvimento cognitivo, bem como nas suas relações sociais.
A afetividade significa a troca de carinho, em dar e receber, valorizar e ser valorizado. E a criança procura essa troca na escola para se defender ou por não saber demonstrar essa troca de forma adequada com o ambiente, acaba por demonstrar a necessidade desse afeto através da agressividade, seja física ou verbal, com os colegas e professores, refletindo-se obviamente no processo de aprendizagem. A partir do vínculo de afeto entre a criança e o seu educador é que podemos perceber o início do processo de ensino-aprendizagem.
As relações de afeto entre professor e aluno são importante para a criança, que se sente acolhida e até mesmo mais forte para poder encarar seus problemas familiares, pois sabe que poderá contar com alguém. Porém o professor deve acreditar no que faz e diz, passando confiabilidade a ponto de seus alunos se sentirem realmente envolvidos.
Concordo com Chalita (2001) quando diz que o professor será um educador de verdade a partir do momento em que se propuser a conhecer o universo do seu educando. Porque em minha opinião conhecendo o universo individual de cada aluno só assim se poderá interferir de forma positiva nas necessidades que cada um apresentar.
Penso que após as leituras e experiências trazidas pelos alunos da turma em que estagiei, a maior responsabilidade para a construção da educação cidadã do indivíduo está nas mãos do professor, depois da família. Sem desprezar qualquer projeto pedagógico, o maior contato dentro da escola, capaz de ajudar ou prejudicar o aluno, é o professor. E algumas das formas mais eficazes para que haja esse processo, esse desenvolvimento o professor deverá estar ciente e ministrar uma aula com liberdade, autonomia, limites e muito amor. Só uma aula dada com muito amor será capaz de transformar e envolver o seu aluno, tornando-o um cidadão capaz de seguir em frente em busca de novos horizontes.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Navegando. Campinas: Papirus, 2000.
CHALITA, Gabriel B. I. Educação: A Solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente (7ª edição). 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
MATURANA, Romicim Humberto. Emoções e Linguagem na Educação na Política. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
PIAGET Jean. A Formação do símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
____________ O nascimento da Inteligência na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
REAL, Luciane Corte. Aprendizagens Amorosas na Interface Escola, Projetos de Aprendizagem e Tecnologias Digitais. Tese defendida em 10/07/2007. Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação. Porto Alegre. Orientadora Cleci Maraschin.
TIBA, Içami. Ensinar aprendendo. Como Superar os Desafios do Relacionamento Professor-Aluno em Tempos de Globalização. São Paulo: editora Gente, 1998.
__________ Quem Ama Educa. São Paulo: Editora Gente - 2002
VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
PORTFÓLIO DE APRENDIZAGENS-BEATRIZ-PEAD-UFRGS
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Cultura Afro e Indígena, Etnias
É Lei trabalharmos com as etnias Afros e Indígenas nas escolas. Porém percebe-se ainda muita resistência por parte de alguns profissionais, que não conseguem incluir na sua disciplina, como se fossem fracionadas. Infelizmente ainda o são. Mas é necessário que se trabalhe nas séries iniciais sobre as etnias diversas que existem, algumas das quais eles convivem. É também muito delicado e devemos ter o cuidado para que sejam colocadas de forma que todos entendam a valorização e respeito que devemos para cada uma delas. Pois é nesta fase que a criança assimila e aceita melhor as diversidades que lhe cercam e compreendem com maior e melhor propriedade as diferenças das etnias.
Trabalhando-se nas séries iniciais a questão do preconceito, racismo, as etnias diversas, percebe-se que o preconceito está inserido nas crianças porque os adultos assim o fazem.
Tenho participado de um GT (grupo de trabalho) no município em que trabalho sobre a Cultura Indígena. E fizemos uma visita na Aldeia dos Guaranis, em Cantagalo no Lami. Aprendi muito nessa caminhada. É uma cultura que vem sofrendo as conseqüências de povos que tomaram o seu lugar, são julgados, discriminados pelos seus costumes. Ao ouvir o Cacique que nos deu uma palestra, nos deu uma lição de vida. As crianças brincam de pés no chão com todo o vigor, toda a alegria, sem frio, sem brigas. Aliás, uma das observações a se fazer é que quando uma criança está em qualquer lugar, seja brincando ou fazendo outra atividade, ela jamais está sozinha, quase sempre tem uma criança maior ao redor das menores. Como que as protegendo. Essa cultura guarda muito ainda a questão da proteção, do respeito aos mais velhos.
Ela tem o seu tempo e as coisas são feitas muito calmamente, em locais e horários adequados, sem pressa, sem correria. Talvez essa característica seja mal interpretada pela cultura não indígena, como preguiçosos. Lembro que na visita, todas estávamos muito ansiosas por respostas. O Cacique chegou disse que não responderia naquele momento. Que almoçássemos com calma e mais tarde ele voltaria. Foi como um balde água fria em nós.
E essa experiência que tive ao longo desse semestre com os indígenas,contribuíram para a aprendizagem dos alunos da minha escola, penso que a cultura indígena tem muito a nos mostrar, a nos ensinar, mas para obtermos tal aprendizado, devemos estar de coração aberto a essas novas experiências e aprendizado, Os profissionais da Educação são os maiores responsáveis por divulgarem esse conhecimento, e levando-se em conta essa responsabilidade não poderiam e nem deveriam realizar apenas trabalhinhos no dia do índio, ou no dia da consciência negra. Mas estudar e procurar entender a sua verdadeira essência, suas influências na nossa cultura. Esse é o verdadeiro valor que podemos demonstrar a essas etnias que contribuem com seus conhecimentos, diferentes, mas não menos importantes.
Trabalhando-se nas séries iniciais a questão do preconceito, racismo, as etnias diversas, percebe-se que o preconceito está inserido nas crianças porque os adultos assim o fazem.
Tenho participado de um GT (grupo de trabalho) no município em que trabalho sobre a Cultura Indígena. E fizemos uma visita na Aldeia dos Guaranis, em Cantagalo no Lami. Aprendi muito nessa caminhada. É uma cultura que vem sofrendo as conseqüências de povos que tomaram o seu lugar, são julgados, discriminados pelos seus costumes. Ao ouvir o Cacique que nos deu uma palestra, nos deu uma lição de vida. As crianças brincam de pés no chão com todo o vigor, toda a alegria, sem frio, sem brigas. Aliás, uma das observações a se fazer é que quando uma criança está em qualquer lugar, seja brincando ou fazendo outra atividade, ela jamais está sozinha, quase sempre tem uma criança maior ao redor das menores. Como que as protegendo. Essa cultura guarda muito ainda a questão da proteção, do respeito aos mais velhos.
Ela tem o seu tempo e as coisas são feitas muito calmamente, em locais e horários adequados, sem pressa, sem correria. Talvez essa característica seja mal interpretada pela cultura não indígena, como preguiçosos. Lembro que na visita, todas estávamos muito ansiosas por respostas. O Cacique chegou disse que não responderia naquele momento. Que almoçássemos com calma e mais tarde ele voltaria. Foi como um balde água fria em nós.
E essa experiência que tive ao longo desse semestre com os indígenas,contribuíram para a aprendizagem dos alunos da minha escola, penso que a cultura indígena tem muito a nos mostrar, a nos ensinar, mas para obtermos tal aprendizado, devemos estar de coração aberto a essas novas experiências e aprendizado, Os profissionais da Educação são os maiores responsáveis por divulgarem esse conhecimento, e levando-se em conta essa responsabilidade não poderiam e nem deveriam realizar apenas trabalhinhos no dia do índio, ou no dia da consciência negra. Mas estudar e procurar entender a sua verdadeira essência, suas influências na nossa cultura. Esse é o verdadeiro valor que podemos demonstrar a essas etnias que contribuem com seus conhecimentos, diferentes, mas não menos importantes.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem.
“Jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e aprendizagem”
O trabalho com os alunos de EJA, nos remete a caminhos desafiadores, por não estarmos tratando apenas com alunos crianças que estão na escola muitas vezes obrigados pelos pais. Mas lidamos com alunos que sentem a obrigação, a necessidade de buscarem novos conhecimentos que os capacite a se tornarem sujeitos inseridos no mundo social, profissional de forma crítica e de acordo com a sua realidade.
Os alunos de EJA são basicamente jovens e adultos que por muitas razões foram excluídos da escola. É um determinado grupo de pessoas relativamente com as mesmas características em se tratando da cultura. Porque não se trata de um estudante que está em busca de aperfeiçoamento ou qualificação profissional continuada, mas um estudante, na maioria das vezes, oriundo de áreas rurais empobrecidas ou filhos de trabalhadores rurais sem instrução escolar ou por não ter cumprido sistematicamente e na idade adequada a sua passagem pela escola. Não esquecendo do aluno jovem que passa do diurno para o noturno seja porque motivo o tenha levado a essa mudança.
O texto de Marta nos mostra alguns conceitos básicos pedagógicos de muita relevância para a prática pedagógica com alunos de EJA. Ou seja, para quem ensinar o que ensinar e como ensinar?
Analisando a gama de diversidades encontradas na EJA, torna-se imprescindível uma educação voltada para as necessidades e realidade desses alunos que vem em busca de uma educação diferenciada dos que a que eles já possuem que é a educação letrada do mundo em que vivem. Resgatando-os e motivando-os para que a mudança em suas vidas aconteça de forma significativa, tornando-os sujeitos capazes de participarem e pertencerem a determinados grupos sociais até então inatingíveis.
O que ensinar e como ensinar se trata de evidenciar os estudos relacionados a Psicologia da Vida Adulta, conhecendo-os com profundidade seus anseios, onde deve-se priorizar na prática pedagógica que na fase adulta acontecem a fase do desenvolvimento humano. Não enfatizando a sua pouca escolarização, pelo contrário devemos exteriorizar sua forma de pensamento e capacidade letrada.
A EJA deve adequar seu currículo de acordo a atingir todas as necessidades desse público alvo, vencendo todas as barreiras de exclusão cultural e social que esses jovens e adultos sofrem, contribuindo e aprimorando sua auto-estima através do aprendizado da leitura, da escrita, eliminando o analfabetismo que os exclui da sociedade acadêmica e profissional.
Ser professor de EJA requer além da bagagem básica e mínima de conhecimentos, uma bagagem de afetividade de sensibilidade para que consiga não apenas trazer o aluno para a escola, mas fazê-lo permanecer nela. Ainda é grande a evasão das escolas na modalidade EJA. E vários são os fatores que a provocam como, por exemplo, cansaço físico e mental de enfrentar aulas à noite, depois de um dia estafante de trabalho geralmente braçal, de sentirem-se excluídos também na escola pelos próprios colegas no que diz respeito a idade, classe social ou até mesmo cultural, pois não há evidências de que o aluno de EJA, não pense adequadamente ou não tenha condições de aprendizagem adequada tal qual tem uma criança na idade adequada na escola. Os adultos sentem vergonha de freqüentarem a escola por acharem que são os únicos, esse motivo os leva também a evasão. Para tal há a necessidade de que o professor, além da leitura e da escrita necessários e básica, planeje suas aulas baseadas também nas condições e conhecimentos produzidos e trazidos pelos alunos para a sala de aula, valorizando seus saberes, derrubando enfim a barreira social e cultural que excluem tais alunos.
O professor poderá e deverá apostar numa prática pedagógica freireana, capacitando o aluno ao ingresso no mercado de trabalho e social de forma crítica e inquietando-o de forma a procurar novas descobertas para o seu posicionamento num novo mundo econômico, social, político e acadêmico.
Referências Bibliográficas:
Marta Kohl de Oliveira –
O trabalho com os alunos de EJA, nos remete a caminhos desafiadores, por não estarmos tratando apenas com alunos crianças que estão na escola muitas vezes obrigados pelos pais. Mas lidamos com alunos que sentem a obrigação, a necessidade de buscarem novos conhecimentos que os capacite a se tornarem sujeitos inseridos no mundo social, profissional de forma crítica e de acordo com a sua realidade.
Os alunos de EJA são basicamente jovens e adultos que por muitas razões foram excluídos da escola. É um determinado grupo de pessoas relativamente com as mesmas características em se tratando da cultura. Porque não se trata de um estudante que está em busca de aperfeiçoamento ou qualificação profissional continuada, mas um estudante, na maioria das vezes, oriundo de áreas rurais empobrecidas ou filhos de trabalhadores rurais sem instrução escolar ou por não ter cumprido sistematicamente e na idade adequada a sua passagem pela escola. Não esquecendo do aluno jovem que passa do diurno para o noturno seja porque motivo o tenha levado a essa mudança.
O texto de Marta nos mostra alguns conceitos básicos pedagógicos de muita relevância para a prática pedagógica com alunos de EJA. Ou seja, para quem ensinar o que ensinar e como ensinar?
Analisando a gama de diversidades encontradas na EJA, torna-se imprescindível uma educação voltada para as necessidades e realidade desses alunos que vem em busca de uma educação diferenciada dos que a que eles já possuem que é a educação letrada do mundo em que vivem. Resgatando-os e motivando-os para que a mudança em suas vidas aconteça de forma significativa, tornando-os sujeitos capazes de participarem e pertencerem a determinados grupos sociais até então inatingíveis.
O que ensinar e como ensinar se trata de evidenciar os estudos relacionados a Psicologia da Vida Adulta, conhecendo-os com profundidade seus anseios, onde deve-se priorizar na prática pedagógica que na fase adulta acontecem a fase do desenvolvimento humano. Não enfatizando a sua pouca escolarização, pelo contrário devemos exteriorizar sua forma de pensamento e capacidade letrada.
A EJA deve adequar seu currículo de acordo a atingir todas as necessidades desse público alvo, vencendo todas as barreiras de exclusão cultural e social que esses jovens e adultos sofrem, contribuindo e aprimorando sua auto-estima através do aprendizado da leitura, da escrita, eliminando o analfabetismo que os exclui da sociedade acadêmica e profissional.
Ser professor de EJA requer além da bagagem básica e mínima de conhecimentos, uma bagagem de afetividade de sensibilidade para que consiga não apenas trazer o aluno para a escola, mas fazê-lo permanecer nela. Ainda é grande a evasão das escolas na modalidade EJA. E vários são os fatores que a provocam como, por exemplo, cansaço físico e mental de enfrentar aulas à noite, depois de um dia estafante de trabalho geralmente braçal, de sentirem-se excluídos também na escola pelos próprios colegas no que diz respeito a idade, classe social ou até mesmo cultural, pois não há evidências de que o aluno de EJA, não pense adequadamente ou não tenha condições de aprendizagem adequada tal qual tem uma criança na idade adequada na escola. Os adultos sentem vergonha de freqüentarem a escola por acharem que são os únicos, esse motivo os leva também a evasão. Para tal há a necessidade de que o professor, além da leitura e da escrita necessários e básica, planeje suas aulas baseadas também nas condições e conhecimentos produzidos e trazidos pelos alunos para a sala de aula, valorizando seus saberes, derrubando enfim a barreira social e cultural que excluem tais alunos.
O professor poderá e deverá apostar numa prática pedagógica freireana, capacitando o aluno ao ingresso no mercado de trabalho e social de forma crítica e inquietando-o de forma a procurar novas descobertas para o seu posicionamento num novo mundo econômico, social, político e acadêmico.
Referências Bibliográficas:
Marta Kohl de Oliveira –
O mundo representado pelos Estudos Sociais
Memórias e Educação
É certo que em todos os anos, todas as escolas acontecem os planejamentos para o ano em curso assim que inicia o ano letivo. Recebem-se os nomes dos alunos da turma, reencontros entre funcionários, entre alunos. Nós educadores recebemos uma listagem com os famosos conteúdos que deverão ser distribuídos durante os semestres. Mas está tudo tão pronto e ao mesmo fora da realidade que até assusta às vezes. Parece-me que são temas totalmente diferentes da realidade escolar que recebemos diferentes dos seus anseios, das suas necessidades. Ou talvez não. Mas a forma como chegam até nós necessitam de um olhar mais voltado do educador com essa realidade, No qual ele deve tentar encontrar a maneira mais adequada, mais próxima do aluno para que ele sinta que, além da obrigatoriedade de conhecerem alguns assuntos mesmo tão teóricos, tão distantes deles existe uma forma prazerosa de conhecer sua história, do seu município, para depois então chegarmos ao estado, país e por fim história do mundo.
Talvez assim os alunos entendam que a disciplina de estudos sociais é necessária para que saiba direcionar seus pensamentos, e responder o porquê de muitas perguntas.
No entanto percebo alguns professores ainda muito arraigados a conceitos e fórmulas tão antigas, nas quais não produzem um resultado tão bom quanto gostariam, ficando assim todos os problemas no fator indisciplinar do aluno.
Através de leituras e conceitos apresentados por diversos educadores da educação, com orientações sobre de como se trabalhar a história dentro do ensino o fundamental, nota-se já alguma sensível mudança. Mas ainda estamos longe de alcançar o verdadeiro objetivo de se aprender os “Estudos Sociais”. Porque bem como diz são os estudos da sociedade. Mas o quer dizer isso para uma criança se ela não conhecer sua própria identidade! E continuam fazendo trabalhinhos em datas comemorativas, mas que só tem significado, ou nem tem, para os professores.
Penso também que essa concepção não tem nada a ver com a idade de quem dá as aulas, mas com a necessidade que o educador sente de tentar fazer a diferença na educação. Modificar algo que já está pronto dá trabalho e precisamos modificar nossos conceitos e isso assusta, dá muito trabalho, pois à medida que se tentam mudanças devemos estar preparados para essa mudança. Mas com trabalhos realizados com projetos que visam realidades do aluno naquele ano letivo, mas que ele leve adiante, não esqueça mais de alguma data importante, mas que ele saiba a importância desta data para sua vida.
Devemos planejar visualizando a interação do aluno com o meio onde vive e vice-versa. Formando cidadãos capazes de formular seus próprios questionamentos levando-os a conquistar ou mudar seu meio social com propriedade e conhecimento, baseados na cultura antepassada. Pois um indivíduo para respeitar a si próprio deve respeitar sua Pátria. Tendo para isto que conhecer o início de sua história.
Para tal o planejamento há que ser flexível para que possamos incluir ou complementar com fatos da atualidade, sem deixar as raízes de lado.
Ao trabalhar algum conteúdo de história novo, procuro buscar para a realidade do aluno, tentando buscar exemplos, reportagens, ou acontecimentos que sejam do momento para então partir para o texto conteúdo a ser dado. Pois de alguma forma o aluno deve saber onde tudo começou. “Ou seja, planejar Estudos Sociais significa:” Não apenas se concentrar nos conteúdos como, por exemplo, descrições históricas, ou mesmo em temáticas da realidade social sem se preocupar com a aprendizagem de conceitos históricos necessários para a compreensão dessa realidade”, pois poderá correr o risco de apenas haver uma repetição de conteúdos sem uma construção de conhecimentos.
Estudos Sociais tem por objetivo fazer com que o indivíduo identifique o conhecimento científico como resultado do trabalho de gerações de homens e mulheres em busca do conhecimento para a compreensão do mundo, valorizando-o como instrumento para o exercício da cidadania capaz de avaliar as ações do homem nesta sociedade. O indivíduo deve ser capaz de construir referências que possibilitem uma participação no seu convívio social.
E o nosso aluno do Ensino Fundamental tem a capacidade de perceber e interagir nesta sociedade se for bem encaminhado pelos caminhos do desenvolvimento social. E é esse o papel do professor com o aluno. Interação entre professor X aluno, aluno X professor. O professor deve ter em mente que ele pode e deve ser um mediador dos conhecimentos e não o detentor de verdades, verdades essas que podem apenas suprir seus anseios, não as dos novos alunos de uma nova geração que está aqui acontecendo, e sente necessidade de muitas respostas e de mudanças. E o professor deve aproveitar as informações que o aluno traz para a sala de aula e atrelar aos conhecimentos que ele deseja passar.
É certo que em todos os anos, todas as escolas acontecem os planejamentos para o ano em curso assim que inicia o ano letivo. Recebem-se os nomes dos alunos da turma, reencontros entre funcionários, entre alunos. Nós educadores recebemos uma listagem com os famosos conteúdos que deverão ser distribuídos durante os semestres. Mas está tudo tão pronto e ao mesmo fora da realidade que até assusta às vezes. Parece-me que são temas totalmente diferentes da realidade escolar que recebemos diferentes dos seus anseios, das suas necessidades. Ou talvez não. Mas a forma como chegam até nós necessitam de um olhar mais voltado do educador com essa realidade, No qual ele deve tentar encontrar a maneira mais adequada, mais próxima do aluno para que ele sinta que, além da obrigatoriedade de conhecerem alguns assuntos mesmo tão teóricos, tão distantes deles existe uma forma prazerosa de conhecer sua história, do seu município, para depois então chegarmos ao estado, país e por fim história do mundo.
Talvez assim os alunos entendam que a disciplina de estudos sociais é necessária para que saiba direcionar seus pensamentos, e responder o porquê de muitas perguntas.
No entanto percebo alguns professores ainda muito arraigados a conceitos e fórmulas tão antigas, nas quais não produzem um resultado tão bom quanto gostariam, ficando assim todos os problemas no fator indisciplinar do aluno.
Através de leituras e conceitos apresentados por diversos educadores da educação, com orientações sobre de como se trabalhar a história dentro do ensino o fundamental, nota-se já alguma sensível mudança. Mas ainda estamos longe de alcançar o verdadeiro objetivo de se aprender os “Estudos Sociais”. Porque bem como diz são os estudos da sociedade. Mas o quer dizer isso para uma criança se ela não conhecer sua própria identidade! E continuam fazendo trabalhinhos em datas comemorativas, mas que só tem significado, ou nem tem, para os professores.
Penso também que essa concepção não tem nada a ver com a idade de quem dá as aulas, mas com a necessidade que o educador sente de tentar fazer a diferença na educação. Modificar algo que já está pronto dá trabalho e precisamos modificar nossos conceitos e isso assusta, dá muito trabalho, pois à medida que se tentam mudanças devemos estar preparados para essa mudança. Mas com trabalhos realizados com projetos que visam realidades do aluno naquele ano letivo, mas que ele leve adiante, não esqueça mais de alguma data importante, mas que ele saiba a importância desta data para sua vida.
Devemos planejar visualizando a interação do aluno com o meio onde vive e vice-versa. Formando cidadãos capazes de formular seus próprios questionamentos levando-os a conquistar ou mudar seu meio social com propriedade e conhecimento, baseados na cultura antepassada. Pois um indivíduo para respeitar a si próprio deve respeitar sua Pátria. Tendo para isto que conhecer o início de sua história.
Para tal o planejamento há que ser flexível para que possamos incluir ou complementar com fatos da atualidade, sem deixar as raízes de lado.
Ao trabalhar algum conteúdo de história novo, procuro buscar para a realidade do aluno, tentando buscar exemplos, reportagens, ou acontecimentos que sejam do momento para então partir para o texto conteúdo a ser dado. Pois de alguma forma o aluno deve saber onde tudo começou. “Ou seja, planejar Estudos Sociais significa:” Não apenas se concentrar nos conteúdos como, por exemplo, descrições históricas, ou mesmo em temáticas da realidade social sem se preocupar com a aprendizagem de conceitos históricos necessários para a compreensão dessa realidade”, pois poderá correr o risco de apenas haver uma repetição de conteúdos sem uma construção de conhecimentos.
Estudos Sociais tem por objetivo fazer com que o indivíduo identifique o conhecimento científico como resultado do trabalho de gerações de homens e mulheres em busca do conhecimento para a compreensão do mundo, valorizando-o como instrumento para o exercício da cidadania capaz de avaliar as ações do homem nesta sociedade. O indivíduo deve ser capaz de construir referências que possibilitem uma participação no seu convívio social.
E o nosso aluno do Ensino Fundamental tem a capacidade de perceber e interagir nesta sociedade se for bem encaminhado pelos caminhos do desenvolvimento social. E é esse o papel do professor com o aluno. Interação entre professor X aluno, aluno X professor. O professor deve ter em mente que ele pode e deve ser um mediador dos conhecimentos e não o detentor de verdades, verdades essas que podem apenas suprir seus anseios, não as dos novos alunos de uma nova geração que está aqui acontecendo, e sente necessidade de muitas respostas e de mudanças. E o professor deve aproveitar as informações que o aluno traz para a sala de aula e atrelar aos conhecimentos que ele deseja passar.
sábado, 23 de outubro de 2010
Música na escola
Um fato me chamou a atenção nessa semana a respeito da música. Uma professora pediu que eu ficasse por um tempo na sua sala. Ela havia ligado o rádio para que os alunos trabalhassem ouvindo música. Porém quando cheguei na sala ela já havia saído. Eles ouviam uma rádio que tocava Funk. Não sei ela havia concordado ou se eles trocaram e colocaram nessa estação enquanto ela tinha saído. Mas o que me chamou a atenção, é que essa turma extremamente agitada, trabalhavam cantando e mexendo o corpo de alguma forma. Uma das alunas, parou de trabalhar e ficou pensativa. Eu não quis intervir pois só estava por algum tempo ali e desejei ficar observando as reações. Uma das alunas gritava e "mandava" os colegas calarem a boca, quando conversavam algo. Eu só a olhava e ela me olhava como se desejasse ver se eu chamaria sua atenção. Porém uma das músicas tinha uma letra muito "chula", com palavrões... Então disse-lhes que assim não ia dar. Estávamos dentro da escola e não numa balada. A professora voltou e saí. Após fiquei refletindo sobre a importância da música no meio social, escolar, familiar. E se esse não seria um dos fatores de tanta violência entre os jovens. Pois ali naquele momento retrataram a sua realidade. E se é comprovado cientificamente que um feto desde sua formação dentro do ventre de sua mãe sofre influências externas, o tipo de música pode influenciar sim no comportamento que a criança apresenta.
Artes Visuais
- Quais os desafios do professor para trabalhar com o enfoque da arte do conhecimento?
Penso que os maiores desafios de um professor dentro da escola em trabalhar com a arte, é que esta não é reconhecida como uma disciplina específica ou com a sua importância devida. Na verdade a arte dentro das escolas é vista como uma disciplina secundária, tendo até mesmo a falta de professores. O que incorre na seleção de professores indevida. Ou seja, são selecionados professores que nem mesmo são da disciplina, porque qualquer um pode dar artes na escola, já que arte é vista apenas, como alguns trabalhinhos feitos pelo aluno, pintura, recorte e algumas outras atividades até um pouco mais requintada como o teatro, representados por alunos sobre temas das outras disciplinas paralelas.
Na verdade para que a arte seja realmente vista como conhecimento dentro da escola, há necessidade que o órgão de educação maior reconheça essa importância para que designe profissionais capacitados, que entendam e gostem da disciplina. Deve ser visto como um conteúdo tão importante quanto a matemática, a língua portuguesa por exemplo. Para que possa interagir com o aluno em todos os seus sentidos.
O que existe nas escolas e em quase todas, é algum professor que ainda sinta vontade de trabalhar com o teatro, mas que também faz o mínimo que para ele é o máximo sobre temas de datas comemorativas. E quanto às artes visuais não sabemos avaliar obras, as idéias que os autores nos querem passar em seus trabalhos manuais seja em artesanato, pinturas e outros. Uma vez se não soubermos o real valor não saberemos passar esse conhecimento ao nosso aluno.
E como essa disciplina não tem sua total importância dentro das escolas, acabamos por ter que darmos conta dos chamados importantes conteúdos para que no final do ano letivo cheguemos ao veredicto: “quem aprova, quem reprova”.
Órgãos do governo, na Educação precisam repensar na formação do currículo.
O comentário acima que acabo de fazer, refere-se a experiências que vivenciei e percebe-se claramente a diferença entre os profissionais que atuam nessa área. Quando se tem realmente um profissional que luta pela “ARTE” e é direcionado especificamente para essa disciplina, existe a diferença sensível a apresentação de trabalhos feitos por alunos deste profissional e de alunos que realizaram algum trabalho considerado uma arte, de um profissional que apenas realiza o mesmo por necessidade de cumprir um roteiro disciplinar.
Penso que os maiores desafios de um professor dentro da escola em trabalhar com a arte, é que esta não é reconhecida como uma disciplina específica ou com a sua importância devida. Na verdade a arte dentro das escolas é vista como uma disciplina secundária, tendo até mesmo a falta de professores. O que incorre na seleção de professores indevida. Ou seja, são selecionados professores que nem mesmo são da disciplina, porque qualquer um pode dar artes na escola, já que arte é vista apenas, como alguns trabalhinhos feitos pelo aluno, pintura, recorte e algumas outras atividades até um pouco mais requintada como o teatro, representados por alunos sobre temas das outras disciplinas paralelas.
Na verdade para que a arte seja realmente vista como conhecimento dentro da escola, há necessidade que o órgão de educação maior reconheça essa importância para que designe profissionais capacitados, que entendam e gostem da disciplina. Deve ser visto como um conteúdo tão importante quanto a matemática, a língua portuguesa por exemplo. Para que possa interagir com o aluno em todos os seus sentidos.
O que existe nas escolas e em quase todas, é algum professor que ainda sinta vontade de trabalhar com o teatro, mas que também faz o mínimo que para ele é o máximo sobre temas de datas comemorativas. E quanto às artes visuais não sabemos avaliar obras, as idéias que os autores nos querem passar em seus trabalhos manuais seja em artesanato, pinturas e outros. Uma vez se não soubermos o real valor não saberemos passar esse conhecimento ao nosso aluno.
E como essa disciplina não tem sua total importância dentro das escolas, acabamos por ter que darmos conta dos chamados importantes conteúdos para que no final do ano letivo cheguemos ao veredicto: “quem aprova, quem reprova”.
Órgãos do governo, na Educação precisam repensar na formação do currículo.
O comentário acima que acabo de fazer, refere-se a experiências que vivenciei e percebe-se claramente a diferença entre os profissionais que atuam nessa área. Quando se tem realmente um profissional que luta pela “ARTE” e é direcionado especificamente para essa disciplina, existe a diferença sensível a apresentação de trabalhos feitos por alunos deste profissional e de alunos que realizaram algum trabalho considerado uma arte, de um profissional que apenas realiza o mesmo por necessidade de cumprir um roteiro disciplinar.
Desenvolvimento Moral do indivíduo no meio escolar
"De acordo com referencial teórico Piagetiano e e dos argumentos contidos nos PCNs, relações interpessoais podem colaborar para o desenvolvimento de uma moral autônoma, partindo de relações apoiadas na coação e respeito unilateral para relações interpessoais em que predomine a cooperação e o respeito mútuo. O desenvolvimento moral permeia as atividades escolares porque se faz presente nas relações entre as pessoas e na forma como estabelecem respeito entre si. Na escola,como em qualquer organização social, e apresentam regras, direitos e deveres nos quais seu funcionamento se apóia e, através disso, auxilia seus membros na compreensão da vida em sociedade."
Os alunos não têm mais paciência para esperar, resolver as situações com as quais se deparam, sem violência. Tudo é no tapa, no soco, e quando falamos com eles, dizem que era brincadeira. Eu sempre pergunto nestes casos que dizem ter sido uma brincadeira, se quem começou, perguntou ao colega se ele queria brincar? Óbvio que a resposta é não! Por outro lado quem foi agredido, também não tem o discernimento de pensar que não precisaria revidar. Acredita-se que esse fato esteja relacionado a construção da moralidade atual e que tem feito com que eles reajam dessa forma. Porque quando intervimos as brigas entre os alunos, eles acabam sempre fazendo parecer que aquilo é normal. E acabo por acreditar que no mundo deles é normal mesmo! Eu enquanto vice-diretora atualmente, tenho me deparado com tantas brigas dentro da escola, e quando vamos chamá-los para resolver, às vezes ficamos sem ação. Os conceitos de moralidade são outros nos dias de hoje. E quando Piaget, 1998, p 30 diz: “... a cooperação conduz à constituição da verdadeira personalidade, isto é, à submissão efetiva do eu às regras reconhecidas como boas” acredito que ele esteja dizendo que para obedecer a regras, acabamos sendo omissos. Mas se obedecermos de certa forma a regras sem que prejudiquemos o outrem ou a nós mesmos, vale a pena essa omissão. Segundo Piaget, até os dez anos os atos são avaliados pelos resultados, sem intenções. Ou seja, esse sujeito não tem a capacidade de entender essa situação quando ocorrem várias vezes e acaba por repetir a violência. Vários projetos são realizados nas escolas, mas ou não dão resultado, ou quando apresentam resultado, esse tem curta duração. Pois vivencio esse fato todos os dias. As professoras tem nos chamado para falar com as turmas quando acontecem alguns casos de violência ou indisciplina dentro das salas. Naquele momento em que estamos ali falando parece que nunca mais irá se repetir o ocorrido. Passam algumas horas, ou alguns dias e tudo acontece novamente. Mas sempre com os mesmos alunos! Quando Piaget coloca que existe a assimilação depois a acomodação, é como se o aluno não assimilasse o que lhes é dito sobre evitar a violência, portanto não acomoda e não existe o resultado esperado pelos professores. Ele coloca ainda que o respeito acontece apenas quando o adulto impõe suas regras, ou seja pela coação, ou pela cooperação, com reciprocidade, aí acontece o respeito mútuo. Mas o que leva as pessoas a escolherem quem vão respeitar? Temos uma aluna que não respeita ninguém, nenhum professor. Certo dia estava entrando na sala desta aluna, pois a professora não ouvira eu bater à porta e presenciei as duas discutindo, e quando a professora pediu que sentasse a menina lhe respondeu mal, e então eu lhe pedi que sentasse, ela deu a seguinte respostas para a professora, que inclusive me deixou um pouco constrangida: “...só vou sentar porque a Bia pediu...” Porque para haver respeito mútuo deve existir diferenças? Penso que o respeito deveria existir independente de quem quer que fosse, ou pela situação!Penso que a autonomia é a meta do desenvolvimento moral e que só existirá partindo da heteronomia. Pois quando vivenciamos a heteronomia, ou seja, só através da coação externa, temos a capacidade de sermos autônomos o suficiente para identificar o que é correto ou não. Aceitando ou não as regras impostas. Mas normalmente quando se é autônomo moralmente, aceitamos a heteronomia por parte de outrem. Porque na verdade as duas morais estão relacionadas com determinados tipos de relação interpessoal e de respeito mútuo. Geralmente os alunos que evidenciam desenvolver as duas morais, são os mais educados, respeitosos, de certa forma, mesmo com suas diferenças são capazes de expor seus ideais sem violência. Em minha opinião um indivíduo só nutre respeito às regras, se ele nutrir respeito a si próprio. Porque ele realiza o que espera que seja realizado consigo mesmo. A heteronomia precisa ser bem trabalhada, pois poderá ocorrer que a criança re-avalie e não corresponda a essa coação. De qualquer forma penso que com heteronomia ou autonomia, as escolas estão passando, ou melhor, a sociedade está passando por uma fase de perdas. Pois sem o equilíbrio regras não serão cumpridas. E elas existem em todos os momentos de nossas vidas. Seja privada, ou profissional. Acredito que está havendo uma inversão dos valores, na qual as crianças não respeitam, mais adultos, mas não respeitam a qualquer indivíduo, começando pelo desrespeito por si próprio. E hipoteticamente um dos motivos que oriunda essa violência pode ser a falta de afetividade dentro das famílias. As escolas estão tendo que assumir a Educação que deveria ter sido dada no seio familiar. Por outro lado, não tem como fugir dessa responsabilidade, pois a criança terá que aprender constantemente como conviver respeitosamente em cada momento, em cada lugar que se encontre. E essa temática transversal deve acontecer em todas as interdisciplinas, não apenas em uma ou duas, que julgam ser da sua capacidade. O papel da escola é de ensinar às crianças um comportamento racional e autônomo, a discutir e avaliar as diferentes situações que lhes sejam apresentadas, contribuindo dessa forma para que se tornem cidadãos capazes de pensar e inserir-se na sociedade em que vivem.
Referências Bibliográficas:
- Reflexões sobre a moralidade na escola – CAMARGO, Liseane Silveira.
- Significações de violência na escola – PICETTI, Jaqueline.
Os alunos não têm mais paciência para esperar, resolver as situações com as quais se deparam, sem violência. Tudo é no tapa, no soco, e quando falamos com eles, dizem que era brincadeira. Eu sempre pergunto nestes casos que dizem ter sido uma brincadeira, se quem começou, perguntou ao colega se ele queria brincar? Óbvio que a resposta é não! Por outro lado quem foi agredido, também não tem o discernimento de pensar que não precisaria revidar. Acredita-se que esse fato esteja relacionado a construção da moralidade atual e que tem feito com que eles reajam dessa forma. Porque quando intervimos as brigas entre os alunos, eles acabam sempre fazendo parecer que aquilo é normal. E acabo por acreditar que no mundo deles é normal mesmo! Eu enquanto vice-diretora atualmente, tenho me deparado com tantas brigas dentro da escola, e quando vamos chamá-los para resolver, às vezes ficamos sem ação. Os conceitos de moralidade são outros nos dias de hoje. E quando Piaget, 1998, p 30 diz: “... a cooperação conduz à constituição da verdadeira personalidade, isto é, à submissão efetiva do eu às regras reconhecidas como boas” acredito que ele esteja dizendo que para obedecer a regras, acabamos sendo omissos. Mas se obedecermos de certa forma a regras sem que prejudiquemos o outrem ou a nós mesmos, vale a pena essa omissão. Segundo Piaget, até os dez anos os atos são avaliados pelos resultados, sem intenções. Ou seja, esse sujeito não tem a capacidade de entender essa situação quando ocorrem várias vezes e acaba por repetir a violência. Vários projetos são realizados nas escolas, mas ou não dão resultado, ou quando apresentam resultado, esse tem curta duração. Pois vivencio esse fato todos os dias. As professoras tem nos chamado para falar com as turmas quando acontecem alguns casos de violência ou indisciplina dentro das salas. Naquele momento em que estamos ali falando parece que nunca mais irá se repetir o ocorrido. Passam algumas horas, ou alguns dias e tudo acontece novamente. Mas sempre com os mesmos alunos! Quando Piaget coloca que existe a assimilação depois a acomodação, é como se o aluno não assimilasse o que lhes é dito sobre evitar a violência, portanto não acomoda e não existe o resultado esperado pelos professores. Ele coloca ainda que o respeito acontece apenas quando o adulto impõe suas regras, ou seja pela coação, ou pela cooperação, com reciprocidade, aí acontece o respeito mútuo. Mas o que leva as pessoas a escolherem quem vão respeitar? Temos uma aluna que não respeita ninguém, nenhum professor. Certo dia estava entrando na sala desta aluna, pois a professora não ouvira eu bater à porta e presenciei as duas discutindo, e quando a professora pediu que sentasse a menina lhe respondeu mal, e então eu lhe pedi que sentasse, ela deu a seguinte respostas para a professora, que inclusive me deixou um pouco constrangida: “...só vou sentar porque a Bia pediu...” Porque para haver respeito mútuo deve existir diferenças? Penso que o respeito deveria existir independente de quem quer que fosse, ou pela situação!Penso que a autonomia é a meta do desenvolvimento moral e que só existirá partindo da heteronomia. Pois quando vivenciamos a heteronomia, ou seja, só através da coação externa, temos a capacidade de sermos autônomos o suficiente para identificar o que é correto ou não. Aceitando ou não as regras impostas. Mas normalmente quando se é autônomo moralmente, aceitamos a heteronomia por parte de outrem. Porque na verdade as duas morais estão relacionadas com determinados tipos de relação interpessoal e de respeito mútuo. Geralmente os alunos que evidenciam desenvolver as duas morais, são os mais educados, respeitosos, de certa forma, mesmo com suas diferenças são capazes de expor seus ideais sem violência. Em minha opinião um indivíduo só nutre respeito às regras, se ele nutrir respeito a si próprio. Porque ele realiza o que espera que seja realizado consigo mesmo. A heteronomia precisa ser bem trabalhada, pois poderá ocorrer que a criança re-avalie e não corresponda a essa coação. De qualquer forma penso que com heteronomia ou autonomia, as escolas estão passando, ou melhor, a sociedade está passando por uma fase de perdas. Pois sem o equilíbrio regras não serão cumpridas. E elas existem em todos os momentos de nossas vidas. Seja privada, ou profissional. Acredito que está havendo uma inversão dos valores, na qual as crianças não respeitam, mais adultos, mas não respeitam a qualquer indivíduo, começando pelo desrespeito por si próprio. E hipoteticamente um dos motivos que oriunda essa violência pode ser a falta de afetividade dentro das famílias. As escolas estão tendo que assumir a Educação que deveria ter sido dada no seio familiar. Por outro lado, não tem como fugir dessa responsabilidade, pois a criança terá que aprender constantemente como conviver respeitosamente em cada momento, em cada lugar que se encontre. E essa temática transversal deve acontecer em todas as interdisciplinas, não apenas em uma ou duas, que julgam ser da sua capacidade. O papel da escola é de ensinar às crianças um comportamento racional e autônomo, a discutir e avaliar as diferentes situações que lhes sejam apresentadas, contribuindo dessa forma para que se tornem cidadãos capazes de pensar e inserir-se na sociedade em que vivem.
Referências Bibliográficas:
- Reflexões sobre a moralidade na escola – CAMARGO, Liseane Silveira.
- Significações de violência na escola – PICETTI, Jaqueline.
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