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sábado, 23 de outubro de 2010

Música na escola

Um fato me chamou a atenção nessa semana a respeito da música. Uma professora pediu que eu ficasse por um tempo na sua sala. Ela havia ligado o rádio para que os alunos trabalhassem ouvindo música. Porém quando cheguei na sala ela já havia saído. Eles ouviam uma rádio que tocava Funk. Não sei ela havia concordado ou se eles trocaram e colocaram nessa estação enquanto ela tinha saído. Mas o que me chamou a atenção, é que essa turma extremamente agitada, trabalhavam cantando e mexendo o corpo de alguma forma. Uma das alunas, parou de trabalhar e ficou pensativa. Eu não quis intervir pois só estava por algum tempo ali e desejei ficar observando as reações. Uma das alunas gritava e "mandava" os colegas calarem a boca, quando conversavam algo. Eu só a olhava e ela me olhava como se desejasse ver se eu chamaria sua atenção. Porém uma das músicas tinha uma letra muito "chula", com palavrões... Então disse-lhes que assim não ia dar. Estávamos dentro da escola e não numa balada. A professora voltou e saí. Após fiquei refletindo sobre a importância da música no meio social, escolar, familiar. E se esse não seria um dos fatores de tanta violência entre os jovens. Pois ali naquele momento retrataram a sua realidade. E se é comprovado cientificamente que um feto desde sua formação dentro do ventre de sua mãe sofre influências externas, o tipo de música pode influenciar sim no comportamento que a criança apresenta.

Artes Visuais

- Quais os desafios do professor para trabalhar com o enfoque da arte do conhecimento?
Penso que os maiores desafios de um professor dentro da escola em trabalhar com a arte, é que esta não é reconhecida como uma disciplina específica ou com a sua importância devida. Na verdade a arte dentro das escolas é vista como uma disciplina secundária, tendo até mesmo a falta de professores. O que incorre na seleção de professores indevida. Ou seja, são selecionados professores que nem mesmo são da disciplina, porque qualquer um pode dar artes na escola, já que arte é vista apenas, como alguns trabalhinhos feitos pelo aluno, pintura, recorte e algumas outras atividades até um pouco mais requintada como o teatro, representados por alunos sobre temas das outras disciplinas paralelas.
Na verdade para que a arte seja realmente vista como conhecimento dentro da escola, há necessidade que o órgão de educação maior reconheça essa importância para que designe profissionais capacitados, que entendam e gostem da disciplina. Deve ser visto como um conteúdo tão importante quanto a matemática, a língua portuguesa por exemplo. Para que possa interagir com o aluno em todos os seus sentidos.
O que existe nas escolas e em quase todas, é algum professor que ainda sinta vontade de trabalhar com o teatro, mas que também faz o mínimo que para ele é o máximo sobre temas de datas comemorativas. E quanto às artes visuais não sabemos avaliar obras, as idéias que os autores nos querem passar em seus trabalhos manuais seja em artesanato, pinturas e outros. Uma vez se não soubermos o real valor não saberemos passar esse conhecimento ao nosso aluno.
E como essa disciplina não tem sua total importância dentro das escolas, acabamos por ter que darmos conta dos chamados importantes conteúdos para que no final do ano letivo cheguemos ao veredicto: “quem aprova, quem reprova”.
Órgãos do governo, na Educação precisam repensar na formação do currículo.

O comentário acima que acabo de fazer, refere-se a experiências que vivenciei e percebe-se claramente a diferença entre os profissionais que atuam nessa área. Quando se tem realmente um profissional que luta pela “ARTE” e é direcionado especificamente para essa disciplina, existe a diferença sensível a apresentação de trabalhos feitos por alunos deste profissional e de alunos que realizaram algum trabalho considerado uma arte, de um profissional que apenas realiza o mesmo por necessidade de cumprir um roteiro disciplinar.

Desenvolvimento Moral do indivíduo no meio escolar

"De acordo com referencial teórico Piagetiano e e dos argumentos contidos nos PCNs, relações interpessoais podem colaborar para o desenvolvimento de uma moral autônoma, partindo de relações apoiadas na coação e respeito unilateral para relações interpessoais em que predomine a cooperação e o respeito mútuo. O desenvolvimento moral permeia as atividades escolares porque se faz presente nas relações entre as pessoas e na forma como estabelecem respeito entre si. Na escola,como em qualquer organização social, e apresentam regras, direitos e deveres nos quais seu funcionamento se apóia e, através disso, auxilia seus membros na compreensão da vida em sociedade."

Os alunos não têm mais paciência para esperar, resolver as situações com as quais se deparam, sem violência. Tudo é no tapa, no soco, e quando falamos com eles, dizem que era brincadeira. Eu sempre pergunto nestes casos que dizem ter sido uma brincadeira, se quem começou, perguntou ao colega se ele queria brincar? Óbvio que a resposta é não! Por outro lado quem foi agredido, também não tem o discernimento de pensar que não precisaria revidar. Acredita-se que esse fato esteja relacionado a construção da moralidade atual e que tem feito com que eles reajam dessa forma. Porque quando intervimos as brigas entre os alunos, eles acabam sempre fazendo parecer que aquilo é normal. E acabo por acreditar que no mundo deles é normal mesmo! Eu enquanto vice-diretora atualmente, tenho me deparado com tantas brigas dentro da escola, e quando vamos chamá-los para resolver, às vezes ficamos sem ação. Os conceitos de moralidade são outros nos dias de hoje. E quando Piaget, 1998, p 30 diz: “... a cooperação conduz à constituição da verdadeira personalidade, isto é, à submissão efetiva do eu às regras reconhecidas como boas” acredito que ele esteja dizendo que para obedecer a regras, acabamos sendo omissos. Mas se obedecermos de certa forma a regras sem que prejudiquemos o outrem ou a nós mesmos, vale a pena essa omissão. Segundo Piaget, até os dez anos os atos são avaliados pelos resultados, sem intenções. Ou seja, esse sujeito não tem a capacidade de entender essa situação quando ocorrem várias vezes e acaba por repetir a violência. Vários projetos são realizados nas escolas, mas ou não dão resultado, ou quando apresentam resultado, esse tem curta duração. Pois vivencio esse fato todos os dias. As professoras tem nos chamado para falar com as turmas quando acontecem alguns casos de violência ou indisciplina dentro das salas. Naquele momento em que estamos ali falando parece que nunca mais irá se repetir o ocorrido. Passam algumas horas, ou alguns dias e tudo acontece novamente. Mas sempre com os mesmos alunos! Quando Piaget coloca que existe a assimilação depois a acomodação, é como se o aluno não assimilasse o que lhes é dito sobre evitar a violência, portanto não acomoda e não existe o resultado esperado pelos professores. Ele coloca ainda que o respeito acontece apenas quando o adulto impõe suas regras, ou seja pela coação, ou pela cooperação, com reciprocidade, aí acontece o respeito mútuo. Mas o que leva as pessoas a escolherem quem vão respeitar? Temos uma aluna que não respeita ninguém, nenhum professor. Certo dia estava entrando na sala desta aluna, pois a professora não ouvira eu bater à porta e presenciei as duas discutindo, e quando a professora pediu que sentasse a menina lhe respondeu mal, e então eu lhe pedi que sentasse, ela deu a seguinte respostas para a professora, que inclusive me deixou um pouco constrangida: “...só vou sentar porque a Bia pediu...” Porque para haver respeito mútuo deve existir diferenças? Penso que o respeito deveria existir independente de quem quer que fosse, ou pela situação!Penso que a autonomia é a meta do desenvolvimento moral e que só existirá partindo da heteronomia. Pois quando vivenciamos a heteronomia, ou seja, só através da coação externa, temos a capacidade de sermos autônomos o suficiente para identificar o que é correto ou não. Aceitando ou não as regras impostas. Mas normalmente quando se é autônomo moralmente, aceitamos a heteronomia por parte de outrem. Porque na verdade as duas morais estão relacionadas com determinados tipos de relação interpessoal e de respeito mútuo. Geralmente os alunos que evidenciam desenvolver as duas morais, são os mais educados, respeitosos, de certa forma, mesmo com suas diferenças são capazes de expor seus ideais sem violência. Em minha opinião um indivíduo só nutre respeito às regras, se ele nutrir respeito a si próprio. Porque ele realiza o que espera que seja realizado consigo mesmo. A heteronomia precisa ser bem trabalhada, pois poderá ocorrer que a criança re-avalie e não corresponda a essa coação. De qualquer forma penso que com heteronomia ou autonomia, as escolas estão passando, ou melhor, a sociedade está passando por uma fase de perdas. Pois sem o equilíbrio regras não serão cumpridas. E elas existem em todos os momentos de nossas vidas. Seja privada, ou profissional. Acredito que está havendo uma inversão dos valores, na qual as crianças não respeitam, mais adultos, mas não respeitam a qualquer indivíduo, começando pelo desrespeito por si próprio. E hipoteticamente um dos motivos que oriunda essa violência pode ser a falta de afetividade dentro das famílias. As escolas estão tendo que assumir a Educação que deveria ter sido dada no seio familiar. Por outro lado, não tem como fugir dessa responsabilidade, pois a criança terá que aprender constantemente como conviver respeitosamente em cada momento, em cada lugar que se encontre. E essa temática transversal deve acontecer em todas as interdisciplinas, não apenas em uma ou duas, que julgam ser da sua capacidade. O papel da escola é de ensinar às crianças um comportamento racional e autônomo, a discutir e avaliar as diferentes situações que lhes sejam apresentadas, contribuindo dessa forma para que se tornem cidadãos capazes de pensar e inserir-se na sociedade em que vivem.


Referências Bibliográficas:

- Reflexões sobre a moralidade na escola – CAMARGO, Liseane Silveira.
- Significações de violência na escola – PICETTI, Jaqueline.